A cerimónia de apresentação dos candidatos socialistas à presidência dos 21 municípios do distrito de Santarém foi morna como o tempo e ficou marcada por algumas ausências de peso. Quatro dos actuais presidentes de câmara não subiram ao palco quando foram chamados, antes do discurso de encerramento que esteve a cargo de Maria de Belém. Os “veteranos” Silvino Sequeira (Rio Maior) e Nelson Carvalho (Abrantes) “não puderam estar presentes” em Santarém, como foi explicado pela apresentadora de serviço no final da tarde de sábado na Casa do Campino. O carismático José Sousa Gomes (Almeirim) e Joa-quim Rosa do Céu, que roubou Alpiarça as comunistas, ausentaram-se da sala minutos antes de serem apresentados. Igualmente por compromissos de agenda. Algumas das cerca de cem pessoas presentes não conseguiram disfarçar a surpresa quando os seus nomes foram chamados sem êxito.Igualmente de fora ficaram muitos dos antigos presidentes de câmara socialistas que a federação distrital do PS quis homenagear nesse dia. Renato Campos e Conde Rodrigues (Cartaxo), Carlos Cunha (Alcanena), Gameiro dos Santos (Salvaterra), Pedro Marques (Tomar) ou José Cunha (Entroncamento), por exemplo, não compareceram. Paulo Caldas, presidente da Câmara do Cartaxo que falou em nome de todos os candidatos, lamentou mesmo que essa “justa homenagem” não tenha tido um “impacto maior”.Perante a fraca mobilização – a única bandeira vista, era empunhada por uma militante anónima -, sem a habitual animação da JS nem a presença de grandes figuras nacionais do PS como Jorge Coelho ou José Sócrates, acabou por ser o ex-presidente da Câmara de Santarém, José Miguel Noras, a motivar os momentos de maior entusiasmo.Regressado ao palanque da vida partidária após anos de desencanto com o partido, Miguel Noras, que falava em nome dos antigos presidentes de câmara socialistas, não desperdiçou a oportunidade de se fazer ouvir. E entre momentos de militância fervorosa deixou mensagens subliminares com destinatários fáceis de adivinhar. As feridas resultantes do afastamento de uma possível recandidatura sua à câmara da capital de distrito, há quatro anos, ainda estão por fechar. “Quando revejo aquilo que fiz e aquilo que gostava de ter feito não me acho susceptível de homenagem, porque o meu trajecto ficou interrompido”, disse a propósito. Um dos responsáveis por essa “interrupção”, o seu camarada e sucessor, Rui Barreiro, ainda não se encontrava na sala quando essas palavras foram ditas. Mas o presidente da concelhia escalabitana do PS, Manuel Afonso, igualmente responsável por essa opção política em 2001, ouviu, tal como ouviu os cumprimentos elogiosos que lhe foram transmitidos por Noras, que, depois, por mais de uma vez repetiu: “As palavras mansas são as que esmagam os ossos”.Os recados para dentro eram implícitos mas relativamente fáceis de decifrar. E antes de oferecer o barrete de campino que comprou propositadamente para Maria de Belém, Miguel Noras deixou vários conselhos aos candidatos. “Quando as pessoas não são modestas e não têm carácter não conseguem ser autarcas”, afirmou, antes de concluir desejando boa sorte a todos e incentivando-os a ”falar verdade”.Na mesma linha discursou Paulo Caldas, que identificou os candidatos socialistas com a “política de verdade” praticada pelo partido e manifestou a sua convicção de que vão fazer valer esses valores e essa diferença.O autarca do Cartaxo afirmou que o Ribatejo, a sua cultura e identidade, é a matriz e traço de união entre todos, apelando aos candidatos que trabalhem na valorização da região.Por fim disse acreditar numa vitória do PS em Outubro próximo, citando o caso de Santarém convicto de que vai continuar a ser liderada pelos socialistas.