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A lenta agonia

Dirigentes e adeptos garantem que a constituição do Alverca SAD foi um erro

A dez dias do início da Liga de Honra, apenas o treinador José Lima e quatro jogadores - Ernesto, Bruno Fernandes, Osvaldo e Celson - estão ligados ao Alverca SAD. E pelos vistos só o técnico, apesar de todas as evidências apontarem para o fim, ainda acredita ser possível a continuação do clube na Liga de Honra. A decisão final estava marcada para esta terça-feira, já depois do fecho desta edição.

No Alverca SAD tudo é ainda um enigma. Para a sociedade desportiva poder vir a continuar no campeonato, são precisos pelo menos três milhões de euros. O accionista Futebol Clube de Alverca está disposto a avançar com um investimento de quinhentos mil euros, mas uma assembleia-geral de accionistas marcada para o dia 21 de Julho foi adiada para o dia 9 de Agosto, porque a Sportinveste e a Spinel, que detêm 52 por cento das acções, não apareceram. Com este cenário, o dia a dia do treinador José Lima e dos quatro jogadores não é fácil. “A ansiedade é que nos mata”, diz o técnico, que está ligado ao Alverca há oito anos, primeiro como jogador, depois como adjunto dos técnicos José Romão e José Couceiro, e pelo meio uma passagem com grande êxito pelo comando da equipa de juniores do Futebol Clube de Alverca. “Onde temos o marco histórico na vida do clube, com a conquista do Campeonato Nacional de Juniores”, recorda com nostalgia no olhar José Lima.Quando há cerca de dois meses o Alverca venceu o Chaves e os adeptos, jogadores, dirigentes e equipa técnica comemoraram com fervor a manutenção na Liga de Honra, José Lima estava longe de pensar que nesta altura o clube se encontrasse nesta situação. “Sabia que as coisas estavam difíceis mas nunca pensei que se chegasse a este caos. Nunca pensei estar à espera, sem jogadores para treinar, sem receber, e afinal sem contrato, pois o actual terminou no dia 31 de Julho e embora já tivesse acordo verbal para continuar, não havia nada assinado”.José Lima, um jovem treinador formado em educação física e desporto, com especialização em futebol, nunca tinha passado por uma situação como esta. Por isso nesta altura aguarda com ansiedade a realização da assembleia-geral de accionistas marcada para a noite do dia 9 de Agosto. Da qual ainda espera que venha a nascer uma solução para a crise que coloca em causa não só a época como a continuidade do futebol profissional em Alverca.O técnico vai sofrendo com a ansiedade. Garante que acredita que ainda é possível solucionar a crise, mas sofre também porque a tensão causa problemas na sua vida familiar. “Estou à beira do desemprego, vivo do meu trabalho de treinador, investi muito na minha profissão, sou um treinador jovem que estava agora a obter resultados desse trabalho, e parar não é nada bom para a minha carreira”, diz com tristeza José Lima.Contudo, José Lima não pensa só no seu próprio problema. Sente que a situação dos quatro jogadores que ainda têm contrato com a SAD é tão ou mais grave do que a sua. “Bruno Fernandes, Ernesto, Celson e Osvaldo, são profissionais. Trabalham para receber o seu ordenado ao fim do mês, têm família e, como eu, não recebem há alguns meses, e por isso estão a viver momentos bem difíceis, quase dramáticos”.Os quatro jogadores já tiveram uma palavra de alguns administradores da SAD para que se aparecer algum clube, podiam conversar porque não lhe seriam criados problemas. “Mas isso já veio tarde, e não é fácil aparecer agora clube, porque os planteis já estão formados”, referiu José Lima. O técnico deu sempre prioridade à palavra dada para a continuação no clube. “Não tive convites, mas também não coloquei o meu nome à prova. Acreditei sempre que era possível continuar com o trabalho que vínhamos a fazer no Alverca”, garantiu. Habituado a planear as coisas para iniciar as épocas e também a sua vida ligada ao futebol, José Lima sente a nostalgia de estar fora do futebol. Apesar da fé que ainda consegue transmitir, admite que o dia a dia é acompanhado por uma grande desilusão com tudo o que se passa no Alverca SAD. Mas mesmo assim ainda consegue fazer a ponte entre a SAD e o Futebol Clube de Alverca. “São duas coisas bem diferentes mas a verdade é que a minha situação familiar também é difícil. Tenho dois filhos a estudar e preciso de trabalhar. Não posso passar sem o meu ordenado para fazer a minha vida, e isto tudo está a afectar o meu dia a dia em casa”.Contudo e fazendo questão de não condenar ninguém, José Lima garante que embora já tivesse acreditado mais na continuação do futebol no Alverca SAD, ainda tem esperança que a situação seja resolvida na assembleia do dia 9. “Pode ser que apareçam algumas daquelas pessoas que ainda não apareceram e ainda não disseram a sua palavra”.Até lá, José Lima e os quatro jogadores que ainda têm contrato com o Alverca SAD, vão esperando e vão vivendo o dia a dia com grande ansiedade, com o receio cada vez mais forte de virem a ficar desempregados, e verem a sua vida sofrer um abalo que nunca pensaram ser possível.

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