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Eloquente Manuel Serra D’Aire

Custa-me a entender a natureza humana, sobretudo a do sexo feminino. Não sei se já reparaste mas estão na moda as camisolas pelo umbigo e as calças muito abaixo do mesmo. Mas é raro o dia que não vejo uma jovem púdica ou uma casta matrona a tentarem esticar os trapos para esconderem as carnes dos vorazes olhares masculinos numa espécie de jogo de gato e do rato.Em que ficamos afinal? A intenção é chamar a atenção ou simplesmente arejar as peles? Mesmo que o calor que provocam seja muitas vezes superior à temperatura atmosférica. Era o mesmo que um gajo andar por aí de tanga e sempre que se cruzasse com uma senhora tapasse os tomates com vergonha… É urgente que alguém explique às mulheres portuguesas que andar de barriga ao léu nem sempre funciona porque há iscos que o peixe não morde. Aliás, estou mesmo convencido que esse é um argumento de peso para muito menino hesitante optar pela homossexualidade. É que pelo menos os homens não andam com a protuberância abdominal à mostra, exceptuando os trolhas. É urgente que alguém explique às mulheres portuguesas que o que se insinua por debaixo das roupas, as curvas e o relevo harmoniosos, é que lhes conferem o charme e o toque distintivo e irresistível que nos leva a não nos tornarmos maricas. Porque, pelo feitio, mil vezes os homens, os verdadeiros, que além disso não perdem tempos infinitos nos supermercados nem gastam fortunas semanalmente na cabeleireira.É também importante que alguém lhes sopre aos ouvidos e lhes diga que um monte de banhas à mostra entre o top e as calças de cintura baixa é mais inestético que o urbanismo do Entroncamento ou Alverca. E que há iscos que o peixe não morde. Assim não vão lá! É bom que saibam que os pelos ao fundo das costas não despertam qualquer apetite e apenas servem para nos recordar os nossos antepassados símios. Manel, uma última observação, porque a conversa já vai longa e eu tenho mais que fazer – como por exemplo apreciar o tom rosa suíno das belas camónes espojadas na areia enquanto sorvo uma cerveja gelada na esplanada.Antes, um aumento do preço da gasolina era notícia de primeira página e motivava longas filas na véspera nos postos de abastecimento. Hoje nem damos por eles, os aumentos. Só sei que de cada vez que ponho gasolina o preço já é diferente. E sempre a subir.À sorrelfa, Estado e gasolineiras vão-nos ao bolso com uma limpeza digna do melhor e mais discreto carteirista do metropolitano de Lisboa. Aliás, agora percebo por que é que a mangueira da gasolina termina em formato de pistola. Aquilo é um assalto à mão armada. Somos comidos e mal pagos e nem um “Ai” ou um “agarra que é ladrão” se ouve. Parecemos cordeiros resignados a caminho da degola, enquanto outros acendem charutos com o dinheiro dos contribuintes.Esta espelunca mal frequentada - que já há muitos séculos um general romano dizia que não se governava nem se deixava governar - está há muito entregue a uma casta que, muitas vezes, nem a sua casa sabe governar mas que mama na teta do orçamento com mais voracidade que uma ninhada de leitões. O sol de Verão pode estar a fazer-me mal à moleirinha meu caro, mas não posso deixar de desabafar: se foi para isto que se fez o 25 de Abril, então passem-me o livro de reclamações porque me sinto enganado! Um bacalhau demolhadoSerafim das Neves

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