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Voar ao sabor do vento

Alcides Ribeiro, 45 anos, piloto de balões de ar quente

O contacto directo e diário com a natureza é um modo de vida que Alcides Ribeiro, 45 anos, natural de Rio Maior, pode usufruir numa das suas actividades profis-sionais, ou não fosse ele vigilante do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. A esse gosto juntou um outro para poder observar as tonalidades da terra, viajando ao sabor do vento e tirou o brevet de piloto de balões de ar quente.

Seis e trinta da manhã. Alcides Ribeiro tem tudo a posto para mais um passeio em balão de ar quente meia dúzia de metros a cima do solo. As condições climatéricas a intensidade do vento e a sua predominância, o peso da carga, tudo está previamente estudado. Os balões de ar quente não têm travões, nem leme, não há piloto automático que possa suprir alguma falha. Tudo depende do saber e do conhecimento do piloto, é ele que com as cordas de coroa reduz ao aumenta a atitude, abrindo ou fechando o pára-quedas, no topo do envelope colorido, o balão. Depois resta deslizar ao sabor do vento e apreciar as cores dos campos, os aglomerados populacionais, as grandes vias e os rios.Alcides Ribeiro sempre gostou da vida ao ar livre, das profissões que lhe proporcionassem um contacto directo com a natureza. É vigilante do Parque Natural da Serra de Aires e Candeeiros e, em 1996, decidiu tirar o brevet de piloto de balões de ar quente. “Tenho dois brevet. Um tirado em França e outro em Portugal”, especifica. Fazer voar um balão de ar quente não requer o manancial de conhecimentos que os pilotos de aviões ou helicópteros necessitam. Não tem nenhum cokpit, nem um painel de milhentos botões e aparelhómetros para indicar a velocidade, altitude, condições atmosféricas, existência de outros aviões por perto. Mas tem outras exigências e limitações.“O balão de ar quente é prioritário, não nos podemos desviar, não temos leme nem travões e é impossível voar contra vento. Daí que nunca voemos junto de aeroportos, por exemplo. Corria-se o risco de impedir a aterragem ou a descolagem de um avião, eles é que tinham de desviar-se, nós não podemos. Por isso, somos prioritários”, esclarece o piloto.As horas de vôo também são bastante reduzidos, No Verão só se pode voar das 6h30 às 9h00 e, por vezes, ao fim da tarde, horas em que a temperatura não obriga a elevar em demasia o calor produzidos pelos queimadores do balão, sob pena de estragar o tecido do envelope. “Não voamos com temperaturas altas, nem vento forte”, afirma o piloto. Os melhores dias para voar nos balões de ar quente são os de inverno em que o fumo das chaminés se expande na vertical. “Vai a prumo o que indica a existência de uma corrente quente mais acima”, explica.Quando o balão levanta tudo está estudado e há grande segurança. Tanto assim que Alcides Ribeiro nunca apanhou um susto nas suas deambulações de balão. “Só voamos em segurança”, reforça. Para os passageiros esta pode também ser uma viagem inesquecível. E Alcides só se recorda de uma passageira que voou realmente assustada, mas não quis desistir e acabou por perder o medo. “O voo é tão suave e é tão agradável que as pessoas até se esquecem que estão no ar”, diz e acrescenta: “Às vezes conseguimos apanhar a corrente quente junto à agua, descemos o balão e subimos o rio”.Como os pilotos de aviões também os de balões de ar quente são sujeitos a rigorosos exames médicos de dois em dois anos feitos no Instituto Nacional de Aviação Civil. “Tudo depende de nós, não há co-piloto, nem piloto automático”, lembraMais recentemente, Alcides Ribeiro e mais dois amigos, todos pilotos de balões de ar quente, formaram uma empresa a “Fábrica da Alegria” com sede nas Salinas de Rio Maior, e os pedidos de viagem não tem faltado. Cada viagem custa 150 euros, mais IVA, por pessoa e os principais clientes são as empresas que querem presentear os seus quadros, clientes, ou fornecedores, com uma aventura pelos ares ao sabor do vento. Mas há outros eventos que merecem uma viagem especial. Proximamente, Alcides Ribeiro vai transportar uns esposos do santuário de Fátima ao local do festim. “É difícil poisar mesmo à porta do restaurante, mas aterraremos o mais próximo possível e nosso carro resgate leva-os para a festa. Mas é preciso que as condições climatéricas o permitam sem isso nada feito. Não arriscamos”, sublinha.Margarida Trincão

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