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Moita Carrasco

Com a temperatura a subir a vários níveis, vão-se ateando fogos diversos, susceptíveis de incendiar ainda mais o PREC (Processo de Reeleição Em Curso), neste concelho de Santarém à Beira Tejo plantado.Sondagens contraditórias vão animado, à vez, hostes partidárias adversárias, ávidas de sintomas positivos face às suas expectativas. Sondagens que, à boa maneira Nietzscheana, vão sendo encaradas como “preciosos” indicadores ou “meros” indicadores, conforme nos favorecem ou favorecem os outros. A participação do criminalogista Moita Flores veio agitar as águas calmas do que se pensava virem a ser as eleições desta vez, passado que foi o espectáculo pouco dignificante que o PS deu há quatro anos! Altura, aliás, como tive oportunidade de dizer, em que o PSD teve uma oportunidade histórica de, pela primeira vez, ganhar a Câmara, bastando para isso (o que não foi o caso) ter apresentado um candidato minimamente adequado! Não ganhou, mas retirou a maioria absoluta aos socialistas. O que devia, naturalmente ter servido de alerta. Pelos vistos, não serviu!Na verdade a actual liderança rosa parece até encarar estas eleições com alguma displicência, Não possuindo um candidato muito mediático, de empatia fácil e imediata, optou, ainda assim, por apresentar uma lista eleitoralmente cinzenta, sem qualquer marca de renovação e, convenhamos, corporizando uma estratégia pré-eleitoral de eficácia mais que duvidosa. Vejamos, para alguém que afirmava, alto e bom som, que o seu antecessor tinha deixado a Câmara de rastos e que a mesma estava “tecnicamente falida”, como se compreende, então, uma campanha centrada, para já, em cartazes em que os milhões surgem em catadupa?!Será que se andou a enganar os munícipes?! Ou será que estes milhões não são mais do que aquilo que seria normal num exercício municipal/padrão?! Mas, então, para quê salientá-los?! Na realidade, estes poderão, até, vir a revelar-se contraprocedentes! Levar, por exemplo, os tais munícipes a cogitações deste tipo: Que raio! Passaram o tempo todo a dizer que não havia um tostão e, afinal, agora existem milhões! Então, porque diabo, a minha rua, a recolha de lixo na minha terra ou os subsídios prometidos ao meu grupo folclórico, estão como estão!Na verdade, parece depreender-se, de alguma forma, da incongruência desta estratégia, que os socialistas, confiados talvez num suceder de vitórias desde o 25 de Abril, esperam que, mais uma vez, a mesma lhes acabe por cair no colo, mais tarde ou mais cedo, com maior ou menor dificuldade!Confiando, talvez, nas vantagens estruturais que sabem, ou sentem, terem sido determinantes nas anteriores eleições.Por um lado o carácter maioritariamente de esquerda do eleitorado do concelho. E embora os eleitorados não sejam fixos e imutáveis, ainda hoje tal situação é bem perceptível. Por outro, o carácter não desgastante do poder autárquico. Pelo menos, se exercido com a percepção adequada do marketing político e da eficácia da imagem.É por isso que se costuma, até, dizer a propósito: qualquer presidente de câmara, enquanto tal, que perde uma eleição, não “merece”, definitivamente, ser presidente de câmara!Quer isto dizer, então, que a vitória do actual presidente é inevitável? Não necessariamente! Até porque existem, igualmente, casos onde este último princípio tem sido subvertido! Quando? Quando, precisamente, a eficácia da imagem pública do presidente em exercício, não consegue potenciar as vantagens que lhe são inerentes e, concomitantemente, do outro lado, surgem candidaturas mediáticas apresentando uma eficácia popular ou populista (conforme as perspectivas), capaz de subverter a lógica de poder em presença.Que isso vem sucedendo com a candidatura de Moita Flores, que apresenta, aliás, alguma inovação estratégica (responsável, por exemplo, por se falar já só em candidatura do dito e não em candidatura do PSD) é, hoje por hoje, um facto indesmentível. Se será suficiente, ou não, é questão que, em absoluto, só os resultados eleitorais poderão responder.Existem, contudo, nas precoces circunstâncias actuais, três evidências (que as sucessivas sondagens e os “espíritos santos de orelha” deixam perceber) e que enformam a presente situação eleitoral no concelho.- O resultado final está nitidamente em aberto. O que, convenhamos, não aconteceria com uma candidatura/tipo do PSD.- A manter-se este estado de coisas, dificilmente qualquer das candidaturas virá a vencer por maioria absoluta.- Uma eventual vitória do PS tenderá a dever-se, como dissemos, essencialmente à estrutura político-eleitoral do concelho e à natureza conservadora do poder autárquico. Será, portanto, menos uma vitória “de...”, e mais uma vitória “apesar de...”Seja como for, valha-nos pelo menos o facto da situação política estar a animar! Esperemos que isso se traduza numa campanha clarificadora de projectos e ideias e, não apenas, na promoção sistemática das imagens dos candidatos: por definição sempre redutoras e estereotipadas.E no fim, se verá, se o “Átila” fez jus aos seus suspensórios, ou se o Moita, desta vez, foi ou não “carrasco”!

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