Calor deu mais e melhor melão
Duas dezenas de seareiros reunidos em Vila Franca de Xira
O melão foi o mote para levar largas centenas de pessoas ao Jardim Municipal de Vila Franca de Xira no último fim de semana. Num quadro de animação permanente, duas dezenas de seareiros, que produzem o fruto de Verão na Lezíria Ribatejana, deram a provar a sua colheita e venderam toneladas de melão durante a 25ª Feira do Melão. “Que belo melão. É mais caro, mas não tem nada a ver com o espanhol e marroquino”, explica Horácio Cunha. Apreciador do fruto, o empresário deslocou-se de propósito da Moita do Ribatejo para comprar melão. “Só é chato é ter que o carregar até ao carro que ficou longe”, lamentou quando partia carregado com mais de 15 quilos. O melão custou 50 cêntimos o quilo e a melancia foi vendida a 30 cêntimos. Não foi o preço que atraiu a clientela, mas antes a fama do melão ribatejano.O calor trouxe qualidade e quantidade superior aos anos anteriores. Mesmo assim os seareiros continuaram com o discurso da crise e alguns ameaçam mesmo deixar a actividade.“A gente apanha vento, chuva, farta-se de trabalhar para ganhar uns míseros euros. O melão da Espanha é mais barato porque lá os agricultores têm subsídios”, explica um jovem seareira.Ali bem perto, Joaquim Paulino, de Alpiarça, é uma figura habitual na feira. O agricultor também se queixa dos custos de produção. O produto utilizado para o piolho custa em Espanha 49 euros e em Portugal 110 euros. “É mais do dobro”, lamenta o homem que herdou dos pais a arte de cultivar a terra e “nunca soube fazer outra coisa”.Joaquim Paulino faz três hectares de terra em Alpiarça e fez searas na Lezíria de Vila Franca de Xira durante 30 anos. O agricultor aposta num melão em tons de amarelo forte que resultou do cruzamento das sementes de melão branco “Manuel António” com melão amarelo. “É grande e doce como mel”, garante.Nesta feira há melões para todos os gostos. Manuel António, lezíria, lusitano, tendral valenciano tardio, pele de sapo, são os mais comuns.O lusitano é um melão branco, maior do que o lezíria, e deve ser apanhado maduro e comido logo.Se for para guardar, o produtor aconselha o tendral valenciano. Algumas pessoas compram-no para comer no Natal.Enquanto alguns provam os melões ribatejanos, o folclore dos avieiros do Escaroupim, Salvaterra de Magos, prende o olhar de centenas de pessoas no palco volante que tem o rio como cenário de fundo.“Eu gosto muito deste tipo de folclore. É uma tradição que não deve morrer”, refere João Simão, avieiro da Praia de Leiria que participou em mais um encontro da família avieira. Trajados a rigor dezenas de pescadores e familiares vieram de várias zonas do país onde a cultura avieira ainda está viva. A Feira do Melão e o encontro de avieiros foram organizados pelo sector de Turismo de Vila Franca de Xira com o apoio da Associação dos Produtores de Melão de Portugal.Nelson Silva Lopes
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