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E viva o toiro!

E viva o toiro!

Samora Correia em festa de 18 a 22 de Agosto
Milhares de pessoas esperam durante mais de uma hora os 40 segundos mágicos da passagem do toiro na EN 118 que atravessa Samora Correia. O animal, com mais de 500 quilos e em pontas, percorre a Avenida o Século, numa zona sem protecção, onde os aficionados o desafiam, e vai para o Largo do Calvário onde mais tarde será largado. As passagens na avenida são alguns dos momentos mais emotivos numa festa religiosa onde o toiro é rei. Nossa Senhora de Oliveira e Nossa Senhora de Guadalupe dão o nome aos festejos que decorrem de 18 a 22 de Agosto em Samora Correia. Este ano a festa foi atrasada uma semana para não coincidir com as romarias de Alcochete e Coruche, ambas com uma forte componente taurina e onde o campino também é a figura principal. A mudança causou transtornos a alguns samorenses que já tinham programado as férias, mas a organização espera que a festa ganhe maior número de visitantes e conte com mais de uma centena de campinos e cavaleiros amadores que na semana anterior estariam divididos pelas outras localidades.A abertura da festa será feita às 18h00 de quinta-feira, 18 de Agosto, no largo da Igreja Matriz. A fanfarra dos bombeiros locais dá o carácter solene à inauguração e uma hora depois os campinos transportam o cenário da lezíria para o recinto da festa a primeira entrada de toiros.A febre catarral ovina, conhecida por doença da língua azul, e que atinge também os bovinos, obriga a organização a um conjunto de medidas de protecção e uma despesa acrescida. Os animais são vigiados por um veterinário desde a exploração e terão de ser mortos após a largada. “Foi mais um rasgo no orçamento, mas temos de ter toiros. O toiro é fundamental nesta festa”, explica Manuel Parracho, presidente da Associação Recreativa e Cultural Amigos de Samora (Arcas) e líder de um grupo de mais de quatro dezenas de colaboradores voluntários.A organização espera receber dezenas de milhares de pessoas ao longo dos cinco dias dos festejos e a maioria são aficionados. As duas corridas de toiros na sexta-feira e na segunda-feira serão antecedidas de encierros às 09h00. Os toiros desfilam durante cerca de meio quilómetro e perante o olhar atento de centenas de aficionados. É mais uma forma de promoção das corridas que, normalmente, têm casa cheia.António Manuel Caetano é o campino homenageadoO desfile etnográfico de sábado às 16h00 e o cortejo de Nossa Senhora de Alcamé (padroeira dos campinos e lavradores) no domingo, à mesma hora, juntam cerca de 80 campinos e mais de 30 cavaleiros ao longo da EN 118 entre Porto Alto e Samora. Este ano, o campino homenageado na tarde de sábado é António Manuel Caetano. Pela primeira vez será a título póstumo porque a morte colheu o “Mata Cavalos” quando a homenagem já estava prevista. O campino da Companhia das Lezírias partiu com 55 anos e era uma presença habitual em todas as festas ribatejanas.Os amigos vão recordá-lo em todos os momentos, incluindo na picaria à vara larga (domingo às 10h00) e nas provas de condução de cabrestos (sábado às 10h00). Numa festa com um orçamento de 60 mil euros (sem as corridas de toiros), a organização foi obrigada a alguma contenção porque as receitas quebraram. O programa de variedades reserva arraiais todas as noites, mas os artistas de primeiro plano só sobem ao palco na noite de domingo. Os ritmos brasileiros de Iran Costa e da banda Dança Brasil prometem aquecer a noite. “Ao contrário de outras festas da região, a nossa não aposta nos artistas. Temos outras prioridades”, refere Manuel Parracho. A maior concentração de público é esperada na noite da sardinha assada no sábado. A organização vai distribuir gratuitamente cinco mil quilos de sardinhas, quatro mil pães e cinco mil litros de vinho tinto. “Esperamos largos milhares de forasteiros e queremos que haja comida para todos”, adianta o líder da Arcas. A animação será feita com fados, cavalinhos musicais e um festival de folclore. Depois às 02h00 há largada de toiros e vacas até ao amanhecer. Quase no final da festa, na madrugada de terça-feira, à 01h00, haverá um espectáculo de fogo de artifício que vai surpreender os habituais frequentadores da festa de Samora. “Vai ser diferente”, garante a organização. Numa festa que teve a sua origem na igreja, não poderia faltar a componente religiosa. A procissão com todas as imagens no domingo à tarde (18h00) é uma manifestação de fé e devoção com mais de dezena e meia de andores a percorrerem as ruas da vila ao ritmo imposto pela banda e pela fanfarra. Com mais ou menos fé, milhares de pessoas rendem-se à imponência do cortejo e o silêncio adquire múltiplos significados.Nelson Silva Lopes
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