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Um hospital “meio” espanhol

Vinte e três enfermeiros e quatro médicos a trabalhar em Vila Franca de Xira

Há vinte e sete estrangeiros a trabalhar como enfermeiros e médicos no hospital Reynaldo dos Santos em Vila Franca de Xira. Vinte e três são espanhóis. Sem eles alguns serviços corriam o risco de encerrar.

É hoje natural um cidadão dirigir-se a um hospital ou centro de saúde e ser atendido por um médico ou enfermeiro estrangeiro. Profissionais brasileiros, africanos, do Leste da Europa, mas sobretudo, espanhóis vêm, na sua maioria, para Portugal à procura de uma oportunidade de emprego. Cá, ajudam a colmatar a falta de profis-sionais do serviço de saúde. Foi precisamente a falta de enfermeiros que se fez sentir a nível na-cional, há cerca de cinco anos, que fez com que o Hospital Reynaldo dos Santos, em Vila Franca de Xira, abrisse as suas portas a enfermeiros espanhóis. Na altura, a sua vinda foi importante para a instituição que, de acordo com o enfermeiro director do hospital, Luís Maruta, corria o “risco de fechar alguns serviços”. Hoje trabalham no hospital 23 enfermeiros não portugueses, dos quais 20 são espanhóis, dois brasileiros e um moldavo, que estão distribuídos pelos vários serviços.Segundo Luís Maruta, a maior parte dos enfermeiros que decide vir exercer a sua profissão em Portugal fá-lo por falta de oportunidade nos países de origem. Esta situação verifica-se de forma mais acentuada com os profissionais espanhóis que têm muita dificuldade em conseguir uma vaga nos seus hospitais. O mesmo se passa com os médicos que, de acordo com a directora clínica, Ana Alcasar, depois de terminarem a licenciatura, se vêm forçados a vir para Portugal para poderem realizar a sua especialização. Neste momento, o Hospital Reynaldo dos Santos tem quatro profissionais, três espanhóis e um de São Tomé e Príncipe, a fazerem formação especializada. Ana Alcasar refere que após terem concluído a formação, que dura entre cinco a seis anos, a maioria volta para o seu país. Também os enfermeiros voltam às suas origens, já que o tempo que trabalharam em Portugal facilita a colocação destes profissionais.O facto da maioria ter como objectivo regressar não significa que não se tenha adaptado ao nosso país. Na verdade, como refere a directora clínica do Reynaldo dos Santos, estes profissionais estão “totalmente integrados” tanto no hospital como na comunidade. Para se candidatarem às vagas disponibilizadas pelo Ministério da Saúde, os enfermeiros têm que estar inscritos na Ordem dos Enfermeiros nacional. Para isso, no caso de serem provenientes de países da União Europeia (UE), basta apresentarem o diploma do curso. Os que vêm de fora da UE precisam de se submeter a uma escola de enfermagem e completar ou adequar a sua formação.Quanto aos médicos, as regras de candidatura são iguais às dos candidatos portugueses e passam por uma prova de comunicação, para avaliar o português, e um exame nacional. É mediante as classificações neste exame que os candidatos são distribuídos pelas vagas existentes.Na opinião do enfermeiro director, a existência de médicos e enfermeiros no hospital Reynaldo dos Santos proporciona ao pessoal hospitalar e aos utentes “uma troca de experiências muito positiva”. Uma opinião partilhada por Ana Alcasar, que no entanto, faz questão de deixar no ar um recado: É necessário alterar a forma como é feito o acesso aos cursos de medicina para que o problema da falta de médicos possa começar a ser resolvido. Sara Cardoso

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