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Gonçalo Amorim arrumou a bicicleta

Vai ficar ligado ao ciclismo mas não como corredor

A decisão apanhou tudo e todos de surpresa. Aos 33 anos Gonçalo Amorim decidiu abandonar a carreira de ciclista profissional. É o fim de um percurso de mais de vinte anos a correr de bicicleta, que passou pelo campeonato do mundo e pelos Jogos Olímpicos.

Gonçalo Amorim, actualmente o ciclista ribatejano de maior nomeada no pelotão nacional, pôs fim à sua carreira competitiva. Foi uma decisão que apanhou todas as pessoas ligadas à modalidade de surpresa mas que este garante que foi tomada após muita reflexão.“Foi uma decisão ponderada, que assentou apenas em bases pessoais e de vida profissional extra ciclismo”, garantiu Gonçalo Amorim a O MIRANTE. O ciclista, que há vários anos integrava a equipa da Milaneza/Maia, provavelmente a mais forte do pelotão ciclista português e a mais conceituada a nível europeu, resolveu desta forma, aos 33 anos, e numa altura em que se encontrava na plenitude das suas faculdades, pôr fim à sua carreira desportiva. Para Gonçalo Amorim na alta competição é necessário saber parar e ele achou que era a altura certa. “Foi uma saída algo prematura, mas depois de ponderar muitas situações eu entendi que era o momento indicado para sair, de forma a explorar outros projectos que tinha em carteira”, disse ao nosso jornal.Numa altura em que a Milaneza/Maia já lhe tinha apresentado uma proposta de renovação do contrato e o seu director técnico, Manuel Zeferino, contava com a sua continuação na equipa, houve vários factores a conjugarem-se para a saída de Gonçalo Amorim. Os novos projectos, o facto de financeiramente o ciclismo profissional em Portugal não ser muito rentável, e a vontade de acompanhar mais de perto a sua filha agora com cinco anos, pesaram decisivamente na decisão.O agora ex-ciclista profissional vai ficar directamente ligado à modalidade, mas já está a desenvolver um projecto ligado às bicicletas. “Em parceria com o Centro Nacional de Exposições de Santarém, estamos a desenvolver a grande Feira do Festival Bike, que é a maior feira do género jamais realizada em Portugal e pretendemos que num período máximo de três anos seja das maiores da Europa, e onde a minha imagem é a imagem do certame”, revelouGonçalo Amorim é natural do concelho do Cartaxo, uma terra onde o ciclismo é vivido com grande intensidade e que deu à estampa grandes figuras do pelotão português. Em carteira tem também alguns projectos desportivos a desenvolver na sua terra, para os quais conta com a colaboração da câmara municipal da cidade.“São projectos ligados ao desporto, em várias modalidades. É um trabalho com a juventude, onde a formação será essencial, e eu acredito que com o meu exemplo e a minha imagem posso ter um papel determinante para levar os jovens para o desporto”, disse com entusiasmo Gonçalo Amorim, que começou a participar em provas de ciclismo com apenas seis anos e esteve 12 anos a correr como profissional.Um trabalhador de equipaGonçalo Amorim garante que conseguiu tudo o que queria na sua carreira de ciclista. Apenas lhe faltou uma participação na Volta à França. “De resto consegui tudo o que sempre sonhei”, garantiu.A participação na Volta à Espanha, nos Campeonatos do Mundo e sobretudo nos Jogos Olímpicos de 2004, em Atenas, são momentos que Gonçalo Amorim não esquece jamais. “Foram na realidade grandes momentos. Com 20 anos apenas estive na Volta a Espanha com os grandes nomes do ciclismo de então. Miguel Indurain, Jalabert e muitos outros. Na altura era o ciclista profissional mais novo do pelotão internacional”, destaca o ciclista.Por isso, e apesar de não ter grandes vitórias individuais, Gonçalo Amorim foi sobretudo um trabalhador de equipa. “Fazia o que gostava e sentia-me bem nessa missão de colaborar com os meus companheiros de equipa. No meio do pelotão era um líder, fazia a ligação entre os vários componentes do grupo e consegui importantes vitórias com isso”.Gonçalo Amorim garante por isso que nunca se sentiu diminuído por ter feito a carreira de trabalhador do colectivo. Pelo contrário diz que teve sempre imenso prazer ao fazer esse trabalho. “Estava num desporto colectivo e onde todos são precisos e têm a sua cota parte nos êxitos. E eu sinto que fui peça importante em todas as grandes vitórias das equipas por onde passei” diz com orgulho.Apesar de ser um ciclista trabalhador, Gonçalo Amorim conta também com algumas vitórias individuais. E acabou por se despedir em beleza como é usual dizer-se. No seu último ano como ciclista profissional foi o grande vencedor da Volta ao Minho.

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