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A ucraniana da balalaica e o seu “Quarteto Nocturno”

Concerto de Reis do Coro do Orfeão do Entroncamento com abertura inédita

O “Quarteto Nocturno” toca sábado à tarde na Igreja Matriz do Entroncamento a abrir o concerto de Reis do Coro do Orfeão.Uma oportunidade de ouvir uma balalaica num templo católico e ver como quatro mulheres de diferentes nacionalidades comunicam através da música.

O Orfeão do Entroncamento convidou para a primeira parte do seu tradicional Concerto de Reis, sábado às seis da tarde na Igreja Matriz da cidade, um grupo de características muito especiais. Chama-se “Quarteto Nocturno” é constituído por quatro mulheres e interpreta músicas tradicionais dos países de Leste. O reportório tem a ver com a génese do projecto. Verónica Korinna, maestrina ucraniana, exímia tocadora de balalaica, quis divulgar a sonoridade daquele instrumento no país que escolheu para viver e trabalhar. A milhares de quilómetros da sua terra natal, afastada da sua profissão e das orquestras que dirigia, fundou o seu próprio grupo. “Já estava farta de ser uma maestrina sem orquestra”, confessa ela num português repleto de sonoros erres.O primeiro passo foi encontrar uma pianista. A maior parte das peças foram escritas para balalaica e piano. O “Quarteto Nocturno” começou por ser um dueto. Verónica e Marisa Murcela, uma estudante do ensino secundário. Depois surgiu Rita Crispim, professora de música, e a sua flauta transversal. Mais tarde uma cantora, a russa Eugénia Fedorova, que ganhou o apelido Teixeira em Portugal.Verónica Korinna é uma mulher enérgica e plena de iniciativa. Pegou nas partituras das músicas tradicionais e fez arranjos para a flauta de Rita Crispim e para o clarinete que Marisa também toca em alguns temas. É de certeza um caso único em termos musicais, pelo menos em Portugal. A maestrina explica que na Ucrânia há tantas tocadoras de balalaica como tocadoras de guitarra portuguesa no nosso país, ou seja, muito poucas. O instrumento é “duro” e não está talhado para mãos femininas. A balalaica de Verónica foi feita por encomenda para ela no seu país. Tem um braço mais fino para lhe permitir uma melhor execução. Se encontrar tocadores de balalaica em Portugal é como encontrar agulha em palheiro, encontrar um conjunto com as características do “Quarteto Nocturno” é impossível. O grupo fez uma primeira aparição dia 10 de Dezembro. Participou num concerto pedagógico da banda do Entroncamento no Cine-Teatro S. João. Agora volta com um reportório mais alargado. Oito temas instrumentais e dois cantados pela belíssima voz de Eugénia.A vocalista do grupo é natural de S. Petersburgo e tem formação musical superior. Se não tivesse conhecido um português em Espanha que lhe tocou a corda do amor poderia vir a ser regente de grupos corais na Rússia. Está no nosso país há três meses e muitas vezes recorre ao inglês, que fala fluentemente, para se fazer entender. Quem sabe distinguir a diferença entre cantar e gargarejar não pode deixar de a ouvir. Quem ama a música não vai perder o concerto de Sábado à tarde. Pelo reencontro com a qualidade do Coro do Orfeão do Entroncamento e pelo sabor de aventura que o “Quarteto Nocturno” promete.

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