Chegou, viu, falou e surpreendeu. O eleito do PS que substituiu quinta-feira Idália Moniz na bancada socialista da Assembleia Municipal de Santarém deixou os seus camaradas e restante plenário de boca aberta. João Martinho pediu a palavra na sua sessão de estreia e elogiou a atitude de Francisco Moita Flores (PSD) à frente da Câmara de Santarém.João Martinho falou da frontalidade e da coragem de Moita Flores (PSD) já na fase final da discussão sobre a actividade financeira da Câmara de Santarém. O eleito socialista enalteceu a determinação do presidente da câmara e confessou ainda não saber se, de futuro, irá continuar na bancada do PS, perante o olhar espantado de alguns seus colegas de partido e o ar de satisfação de toda a bancada do PSD.A intervenção de João Martinho, um nome desconhecido na vida política e partidária do concelho, ganha maior relevância por ter sido feita num altura em que o discurso político entre maioria e oposição tem vindo a endurecer. Moita Flores deu um primeiro sinal disso na anterior sessão da assembleia municipal, onde utilizou um tom de voz e um tipo de discurso violento que levou a oposição a classificá-lo como arrogante.Como pano de fundo esteve sempre o passivo da autarquia e as resistências que PS e CDU têm colocado à aprovação da operação financeira de leaseback que a gestão de Moita Flores apresentou ao executivo. Uma medida que, segundo os proponentes, visa sanar parte da dívida a curto prazo.A crispação entre PSD e PS continuou nos últimos dias com troca de comunicados onde se fazem acusações mútuas acerca do real valor da dívida, que o PSD diz ser de 70 milhões de euros e o PS de 48 milhões (ver texto na página anterior.