
Investir primeiro e receber depois
Primeira sessão de esclarecimento do programa Modcom na região decorreu no Cartaxo
Decepção é a palavra com que muitos dos cerca de 100 comerciantes do concelho do Cartaxo saíram da sessão de esclarecimento acerca das condições do Modcom – sistema de incentivos a projectos de modernização do comércio, apresentado na noite de segunda-feira, no Centro Cultural do Município.Quem pensava que a adesão ao programa seria sinónimo de receber um cheque para investir no seu negócio viu as suas ideias “contrariadas” após a explicação dada pelo responsável do programa no âmbito do Instituto de Apoio às pequenas e Médias Empresas (IAPMEI), Paulo Figueira.O Modcom destina-se a quem está a investir ou pensa vir a fazê-lo, seja empresário em nome individual, micro ou pequena empresa e também as associações comerciais. O fundo tem origem nas contribuições das grandes superfícies comerciais para o comércio tradicional. “A filosofia do apoio funciona como um prémio e será cada vez mais o modo de financiamento dos fundos comunitários. O subsídio atribuído a fundo perdido está em vias de extinção”, avisou Paulo Figueira, perante os primeiros comentários de desagrado dos comerciantes que assistiam à sessão.Grande parte dos comerciantes que intervieram aludiu à descapitalização por que passam para justificar a impossibilidade de investirem. A presidente da Associação Comercial do Cartaxo, Luísa Barbosa, avisou que ninguém dá nada a ninguém e que o programa destina-se a quem já investiu ou pensa investir para mudar a imagem e requalificar os estabelecimentos comerciais. “No concelho do Cartaxo não chegou a ser aplicado qualquer projecto do programa Procom, porque os financiamentos esgotaram-se rapidamente e não se sabe bem para onde foram canalizados” explicou Luísa Barbosa a O MIRANTE.A responsável acrescentou que as novas condições de programas do género do Modcom rebatem a mentalidade anterior, aplicada em áreas como a indústria e agricultura, onde não houve grande fiscalização dos apoios atribuídos. O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Santarém, Paulo Moreira, preferiu salientar que o programa deveria dar mais atenção a questões estruturais do comércio para que os estabelecimentos possam angariar mais clientes, e não optar pelo incentivo individual. O líder do município do Cartaxo reconheceu a falta de capital dos comerciantes para o investimento mas considerou que deve ser feito um esforço para que possam ter direito aos incentivos. “Há responsabilidades da câmara, do Iapmei e das associações comerciais em diversas matérias mas cabe aos comerciantes dar o passo decisivo para investirem e modernizarem-se”, concluiu.Ricardo Carreira

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