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Recriar emoções e sentimentos é a função de Ana Aves, jovem fotógrafa de Torres Novas
Ana Alves fez da fotografia a sua vida. Uma paixão que ainda por cima é paga. Não nasceu fotógrafa, mas reconhece que ajudou muito ter tido uma educação fotográfica e ter crescido no meio de rolos e máquinas na loja dos pais, em Torres Novas.
Chama-se Ana Alves, tem 24 anos e dedica a sua vida a registar as histórias dos outros. Cada vez que a máquina fotográfica dispara, esta jovem fotógrafa de Torres Novas aumenta o seu portfolio de emoções. Afinal, cada película representa uma real e transparente troca de sensações entre a fotógrafa e o fotografado. É por isso que nunca se sente sozinha. Porque faz da arte de fotografar, e das vidas que regista, verdadeiros companheiros de guerra.Cresceu no meio de rolos e máquinas fotográficas e deu os primeiros passos na loja de fotografia dos pais. Diz que não nasceu fotógrafa mas que teve “uma educação fotográfica”, daí que não tenha sido difícil escolher o seu caminho. Aos 18 anos decidiu que queria ser fotógrafa. Tirou um curso profissional de fotografia em Lisboa e começou imediatamente a trabalhar. Desde então, nunca mais teve horários certos e os fins-de-semana deixaram de existir. Ainda assim, garante não estar arrependida da opção que tomou: “É um grande privilégio pagarem-nos para fazermos aquilo que mais gostamos. Sinto-me cada vez mais apaixonada pelo meu trabalho e tenho a certeza que é isto que quero fazer o resto da vida”.Com uma rotina diária marcada por uma agitação constante, Ana passa os dias entre a manipulação de imagens no computador, a revelação de fotografias e a compilação de álbuns. No entanto, nada lhe dá mais prazer que passar um dia inteiro no estúdio, de preferência a fotografar crianças: “São momentos mágicos e fascinantes. Entro completamente no mundo deles. Brinco com eles e à medida que a sessão vai avançando vão-se descobrindo facetas deles que até os pais desconhecem”.São horas a fio passadas num estúdio recheado de segredos. No meio dos projectores de luz e dos cenários coloridos escondem-se as histórias e as emoções que já por ali passaram e que agora podem ser recordadas graças a uma simples imagem. “As fotografias têm que arrepiar, chocar, fazer rir, fazer chorar… Enfim, recriar sentimentos. Uma imagem não pode ser olhada com indiferença. Tem de provocar qualquer coisa, senão não faz sentido”, explica.Não é por acaso que Ana Alves reserva algum do seu tempo para conhecer melhor as pessoas que vai fotografar. Antes de cada sessão, há sempre tempo para uma pequena conversa em que se partilham ideias e se descobrem afinidades. Graças a isso, o estúdio onde trabalha, já serviu de cenário ao nascimento de grandes amizades: “Aquele estúdio é o meu diário. Partilha comigo os bons e os maus momentos. Além disso, é lá que eu revejo cada olhar, cada sorriso de uma sessão fotográfica”. Mas é também daquele espaço que foge quando precisa de perceber sentimentos: “Para recriar emoções é preciso entendê-las, por isso às vezes preciso de fugir daqui e ir a sítios para entender os sentimentos. Observar os namorados a acariciarem-se, a agitação das ruas, o cinema… Tudo isso me ajuda a conseguir fazer um trabalho melhor”, conta Ana Alves.Para melhorar cada vez mais o seu trabalho, Ana investe em cerca de três formações anuais. Um esforço económico considerável, mas justificado pelo ritmo acelerado do mundo da fotografia: “Já houve a Era do preto e branco, a Era do analógico e agora estamos na Era do digital. Nós temos de conseguir acompanhar esse ritmo, senão ficamos para trás”.E o segredo para uma boa fotografia? A resposta é imediata. “Nunca me vou esquecer de uma coisa que um professor um dia me disse. As fotografias não precisam de estar focadas, não precisam da iluminação correcta, não precisam de modelos fabulosos. As fotografias só precisam de sentimento e para isso é preciso tirá-las com a cabeça”. Um conselho que não esquece e que relembra cada vez que pega na máquina fotográfica.Carla Paixão
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