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Documentário caseiro a duas mãos

Documentário caseiro a duas mãos

João Luz realizou filme sobre escultor José Coêlho
“O mais importante é ser feliz!”. A frase do escultor de Riachos, José Coêlho, dá início ao documentário “As minhas mãos são o meu olhar”, um trabalho do cineasta João Luz, apresentado na manhã de sábado na primeira Mostra do Documentário Português.O filme, projectado na sala do Fórum Lisboa, na Avenida de Roma, é fruto do trabalho de dois artistas de Riachos que decidiram pôr a arte ao serviço da divulgação da vila do concelho de Torres Novas. A grande necessidade de filmar do jovem cineasta João Luz, 34 anos, juntou-se ao desejo incontrolável do escultor José Coêlho, 57, em dar a conhecer a arte. Para captar as imagens João Luz utilizou uma câmara de filmar daquelas que se compram num hipermercado. A luz natural do sol e o som estridente do comboio a passar perto do local das filmagens dão um ar realista ao documentário.João Luz alicerçou as perguntas que serviram de fio condutor aos diálogos de José Coêlho. No documentário, que abre com o escultor de bloco em punho a contemplar a natureza, são mostrados os locais de inspiração, os segredos e os truques.José Coêlho nasceu na oficina de metalúrgica do pai, em Riachos, não pôde estudar e nunca fez da arte a sua profissão. Para o realizador, José Coêlho é quase a “manifestação da obsessão pela obra de arte”. O artista não nega o rótulo. A divulgação da obra de arte é, para ele, quase tão importante como a própria obra de arte.Foi o que aconteceu com uma das suas últimas peças. O sobretudo de José Mourinho, que está em exposição no Museu do Traje. Uma homenagem à cultura portuguesa, segundo José Coêlho.O documentário, criado para divulgar dois artistas da terra, surgiu por acaso. Os 74 minutos de película, concluídos ao fim de sete meses, são bem mais longos que a maioria dos trabalhos apresentados na mostra. Quase todos os filmes têm menos de 55 minutos a pensar já num eventual encaixe no formato televisivo. Para João Luz a experiência serve também como aprendizagem. A montagem caseira foi efectuada com recurso a um programa de computador e sem qualquer tipo de apoio institucional.José Coêlho acredita que o documentário desmistifica um determinado elitismo em relação à arte. “A arte é um poder do povo. É a realidade social. Não tem nada da embalagem com que a querem vender”, diz o artista.Para o realizador o filme atingiu uma mensagem universal. “Todos nós temos um pouco de artistas e uma enorme capacidade de criar”, analisa João Luz.No documentário, o jovem realizador João Luz é também guionista, técnico de montagem, imagem, som e produção. Enquanto o artista José Coêlho se deixa deslumbrar pela obra de arte e põe a descoberto os seus sonhos. Quando desdobra o anagrama com os recortes e objectos que lhe inspiram os trabalhos, quando se descalça na praia para salpicar os desenhos de água salgada ou quando lança ao mar duas caravelas esculpidas em ferro. Porque a arte, tal como o sonho, não tem limites.Ana Santiago
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