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Eu tenho dois amores

Já lá vão os tempos dos fadistas com nomes que os ligavam às profissões, como Alfredo Merceneiro ou o famoso Vasquinho da Anatomia o doutor fadista interpretado pelo actor Vasco Santana. Se assim não fosse, João Chora era o fadista bancário. Um músico e cantor que nunca se livrou da primeira profissão porque tem coração que chegue para muitos amores. Agora até está em www.joaochora.com.O fado tem sido sempre uma segunda actividade. Nunca acreditou em si para fazer uma carreira artística?Nunca equacionei essa questão de mudar de vida, deixar a minha actividade bancária e passar a ser apenas fadista, produtor, músico… Eu também gosto da minha actividade como bancário.Por uma questão de segurança financeira?Também. Sinto-me bem assim. Essa situação limita a sua actividade artística? Nunca deixei de fazer espectáculos por causa da minha actividade profissional. Tenho tido abertura da parte da gerência da instituição onde trabalho e tento aproveitar as férias. Se não houvesse essa compreensão era complicado, reconheço.Esta é uma edição de autor. Apesar de o fado estar em alta não conseguiu encontrar uma editora?Houve contactos com algumas editoras mas nenhuma delas me dava condições em termos de promoção e divulgação do trabalho. Decidi avançar assim.O disco vai ter distribuição?Vai ser distribuído e vou promovê-lo eu próprio. Nestes anos que levo de actividade artística conheci muita gente. Tenho esperança que algumas portas se abram tanto a nível de rádios como de televisões.Curiosamente esta fase de ressurgimento do fado está a ser protagonizada por cantoras, porquê?É uma questão de imagem. De marketing. Se calhar é mais fácil vender a imagem feminina. No estrangeiro o fado funciona mais no feminino. Não sei se é uma herança da dona Amália Rodrigues.Este é um disco teu mas sente-se por todo ele uma grande presença do produtor Custódio Castelo.O Custódio Castelo teve papel importante. Esteve sempre presente. Marcou efectivamente o disco. Essencialmente os arranjos. Mesmo em alguns clássicos isso se nota. Estou a lembrar-me de O Amor é Louco um clássico do João Nobre. Tem um arranjo fabuloso e um solo da guitarra portuguesa do Custódio Castelo que é fantástico.É difícil trabalhar com um produtor assim?Temos uma relação de amizade e cumplicidade. Entendemo-nos muito bem… e às vezes nem por isso. Ele é super exigente. Confesso que algumas das frases musicais ao longo do disco são dele. Eu pus a voz mas a interpretação é dele. Ele queria que eu interpretasse assim…algumas concordei, outras nem por isso. Foi um trabalho interessantíssimo. O que é mais difícil no fado? O mais difícil no fado é ter um estilo próprio. Não copiar os outros.O fado consegue sobreviver sem o caldo verde e o bacalhau com batatas a murro ou ainda está muito dependente das casas de fado?Consegue. Está muito associado à gastronomia, ao petisco, à tertúlia, mas já se vai a um concerto de fado ao Centro Cultural de Belém. E nesses locais também acontece fado.Planos?Promover este disco, fazer muitos espectáculos, em Portugal e no estrangeiro e conseguir fazer um concerto numa grande sala de Lisboa lá para o final do ano.

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