uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Argentino Manuel Serra d’Aire

Lembras-te de cada uma! Perguntares-me porque é que as rapariguinhas do shopping ou os jogadores de futebol andam sempre a mascar pastilha elástica é obrigares-me a exercícios retóricos de grande cilindrada. E como não estou para entrar em dissertações freudianas mais indecifráveis do que um discurso do Presidente Jorge Sampaio apenas te posso dizer que o uso da pastilha elástica já foi um hábito socialmente mais bem visto. Pelo menos da minha parte.As coisas começaram a descambar quando verifiquei que alguns políticos tinham também essa mania, colocando-se ao nível da plebe. Como o ex-ministro Paulo Portas. Talvez por isso seja hoje ex nessas funções. Porque a uma pessoa com responsabilidades acrescidas exige-se outra postura. Mascar por mascar, no mínimo que seja tremoços, amendoins ou castanhas piladas, caramba!Embora mascar pastilha também possa hoje ter a sua utilidade e até dar uma imagem ilusória de conforto e prosperidade a muito pobre de Cristo. Com a crise que para aí vai, a única coisa que muita gente pode mastigar todos os dias é mesmo pastilha elástica. Que até tem a qualidade de nunca se desfazer. Aquilo dura e dura e dura… Penso aliás que é por isso que existe a expressão “gramar a pastilha”. Porque se há alguns que as ruminam por prazer, muitos outros têm que a aguentar por necessidade para enganar o estômago.Insofismável Manel, hoje não podia deixar de falar da neve que caiu um pouco por todo o Ribatejo. Eh pá já não me divertia assim há muito tempo. Aquilo é que foi rir de ver a malta a dar bate-cus parecidos com aquele que o primeiro-ministro deu e que o pôs a andar de muletas. E nem sequer precisaram de gastar dinheiro a ir para o estrangeiro.Por breves horas senti-me finalmente um europeu de pleno direito, apesar de não ser alto, nem loiro, nem de olhos azuis e de ter o péssimo gosto de não apreciar patinagem artística nem esqui. A neve tornou as nossas cidades parecidas com Oslo, Estocolmo ou Copenhaga, pelo menos na cor. O que já não é pouco. Deixou de se ver o lixo nas ruas, a bosta dos cães nos passeios e as gajas pançudas de barriga à mostra, porque com o briol que estava não tiveram coragem.Não sei se acreditas nos astros. Eu nem por isso. Nem em astros, nem nas divindades nem nos políticos. Mas há alturas em que o deslumbramento e a força da natureza nos faz crer que existe realmente algo para além da nossa compreensão. O blasfemo Woody Allen desafiou Deus a provar a sua existência abrindo uma conta de um milhão de dólares em seu nome num banco suíço. Até hoje continua à espera…Eu, confesso, não chego a tanto. Por respeito pelas finanças alheias e por saber que não há otário que caísse nessa. Mas o facto do nevão ter surgido precisamente uma semana depois da eleição de Cavaco Silva como Presidente da República e no dia seguinte à vitória do Sporting na Luz não deixa de ser um sinal. Cá para mim há ali mão de comuna e/ou de lampião. A neve foi uma manobra de diversão. A forma escolhida para todos no esquecermos que estamos num país entregue a um homem sisudo que nos quer pôr a trabalhar e onde ainda por cima o magistral campeão de futebol perde com uma equipa de putos e coxos.Um bacalhau congelado do Serafim das Neves

Mais Notícias

    A carregar...