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A arte de brincar com as flores

A arte de brincar com as flores

Teresa de Sousa é uma florista que tenta marcar a diferença em Torres Novas

Teresa de Sousa é florista em Torres Novas. Num mercado onde há cada vez mais concorrência, a profissional quer marcar a diferença e destacar-se pela originalidade dos seus ramos e arranjos de flores

Não fala com as flores, mas diz que lhes dá música, para que não se sintam sozinhas. E admite que talvez seja esse o segredo para as manter ainda mais bonitas. É por isso que o rádio toca 24 horas por dia, mesmo quando as únicas ouvintes são as rosas, as orquídeas, as margaridas, as túlipas ou os girassóis.Teresa de Sousa diz que nasceu no meio das flores e que foi buscar o gosto pela profissão aos pais floricultores e aos três irmãos, também floristas. Quando completou o sétimo ano de escolaridade começou a trabalhar com os pais. Mas, aos dezoito anos, seguiu outro caminho e abraçou o ramo da hotelaria, no qual se manteve até há três anos. Foram as circunstâncias da vida que a fizeram voltar para o meio das flores e abrir uma loja em Torres Novas. Não para vender flores. Mas para fazer arte com elas. Porque “floristas há muitas, mas as artistas são muito poucas”.E é com esta premissa que Teresa orienta o seu trabalho. Quer marcar a diferença e destacar-se pela originalidade dos seus ramos e arranjos de flores: “Gosto muito quando um cliente me entra na loja com ideias mais arrojadas e extravagantes. Os trabalhos mais difíceis são os que me dão maior prazer, porque exigem mais de mim”, conta a florista.Teresa sabe que o grande desafio está em “superar as expectativas dos clientes” e fazê-los voltar à sua loja. Por isso, não olha para o relógio quando tem de trabalhar horas a fio e passar as noites na companhia das flores.“Neste momento, invisto mais o meu tempo na loja do que no meu filho. Talvez um dia me arrependa, mas hoje sei que não pode ser de outra forma. A loja fecha às sete da tarde, mas depois ainda há muito para fazer aqui dentro”, explica.Mudar a água das flores, retirar as folhas secas, deixá-las irresistíveis aos olhos dos clientes. São horas de muito trabalho para deixar a loja “impecável”: “Tem de estar tudo sempre muito limpinho e muito bonito. Porque a imagem desta casa é o espelho do meu trabalho”, diz Teresa. Mas as dificuldades não a fazem recuar. Porque a paixão pelas flores fala mais alto. Prova disso é que apesar de “vender flores e de viver no meio das flores” ainda se emociona quando inesperadamente alguém lhe oferece uma rosa.“Custa-me muito perceber aquelas pessoas que dizem que não gostam de flores. Sinceramente até fico um bocado perturbada com isso. As flores têm tantas mensagens escondidas dentro delas, transmitem tanto carinho, que é difícil de entender as pessoas que não ficam deslumbradas quando lhes oferecem flores”, desabafa a florista.Teresa diz que oferecer uma flor “é uma ousadia simpática” que está cada vez mais na moda. Por isso, estranha que os homens ainda saiam da sua loja com os ramos de flores escondidos atrás das costas.“Há muitos homens que vêm aqui comprar flores e que depois me pedem para fazer as maiores artimanhas para as esconder. Têm vergonha de sair com o ramo nas mãos à frente de toda a gente”, conta.E se os homens se escondem, as mulheres não têm vergonha de procurar a florista depois de receber um ramo de flores oferecido pelo namorado ou pelo marido: “Ficam contentes com o ramo que receberam e depois voltam cá para comprar flores. É um orgulho grande e faz muito bem à nossa auto–estima. Quer dizer que apreciam a minha arte”.Uma arte que se faz a brincar com as flores e que se desenvolve ao ritmo da imaginação. Uma paixão que a faz querer voar mais alto e conseguir mudar a loja para um local “menos escondido”. Entretanto, enquanto isso não acontece vai desenhando o futuro num espaço que combina a beleza das flores, com a música e a boa disposição da florista. Vai experimentando coisas novas e aperfeiçoando o seu trabalho a cada dia que passa.Carla Paixão
A arte de brincar com as flores

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