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Imprensa regional deve ser contra-poder

Imprensa regional deve ser contra-poder

Debate em Samora Correia sobre o jornalismo antes e depois do 25 de Abril de 1974

O director-geral de O MIRANTE acredita no futuro da imprensa regional desde que seja feita por profissionais e assuma o papel do contra-poder. Joaquim Emídio contrariou o pessimismo de dois veteranos do jornalismo num debate em Samora Correia.

O director-geral de O MIRANTE defendeu na quinta-feira em Samora Correia que a imprensa regional é a solução para conquistar novos leitores e rejuvenescer a comunicação social portuguesa. Joaquim António Emídio afirmou que os órgãos regionais devem ser contra-poder nas regiões onde se inserem.“Tenho orgulho em ser proprietário, director e jornalista de O MIRANTE e acredito na imprensa das regiões”, disse num colóquio que abordou o jornalismo antes e depois do 25 de Abril e que juntou cerca de três dezenas de pessoas. A iniciativa da Câmara Municipal de Benavente contou com o jornalista e escritor Fernando Dacosta e a jornalista e dirigente sindical Anabela Fino. O debate apresentado pelo vice-presidente da câmara, Carlos Coutinho, foi moderado pelo escritor Domingos Lobo que considerou O MIRANTE como “o jornal regional de maior êxito”.Fernando Dacosta, fundador do Público e jornalista com 40 anos de carreira, traçou um futuro negro para o jornalismo português devido à concentração dos órgãos de comunicação social em dois poderosos grupos económicos e à consequente manipulação por parte dos poderes económico e político.Questionado por Fernando Dacosta sobre a eventual hipótese de O MIRANTE ser absorvido por um grande grupo económico, Joaquim Emídio admitiu essa possibilidade, mas mostrou-se convicto que “se isso acontecer vai haver alguém que vai fazer outro projecto poético como o actual O MIRANTE”.O director-geral considerou que a região tem espaço para jornais e rádios de qualidade e as televisões digitais, através da Internet, serão o futuro. Joaquim Emídio lamentou que ainda não tenha aparecido nenhum projecto nessa área. “Falta coragem. Até eu ainda não tive a coragem de avançar”, disse.O jornalista e empresário revelou que parte do sucesso de OMIRANTE se deve ao facto de o jornal ser administrado por jornalistas e não por construtores civis ou empresários de outros sectores que não seja a comunicação social. “Quem manda no meu jornal são os jornalistas e eu sou jornalista”, acrescentou.Fernando Dacosta considerou que O MIRANTE é uma excepção à regra onde a maioria dos jornais são manipulados pelo poder económico, mais ainda que pelo poder político.Numa análise mais lata, o escritor lamentou que a censura persista 30 anos depois do 25 de Abril. Chamou-lhe manipulação e disse que utiliza a sedução que “é mais violenta que a confrontação”. “As pancadas nas costas substituíram o chicote, são mais sofisticadas, mas fazem o mesmo efeito”, disse.O jornalista criticou a classe política que considerou “profundamente ignorante” e se comporta “como se Portugal tivesse começado com eles”.Numa alusão ao antigo Secretário de Estado da comunicação social que impôs o preço mínimo de assinatura, Arons de Carvalho, disse que “não tinha nenhuma vocação para o jornalismo e teve de se ligar à política”.Fernando Dacosta recordou o tempo em que os vultos da cultura dirigiam os principais jornais e afirmou que a maioria das publicações de referência são dirigidas por jornalistas “analfabetos” e “incultos” que são servis dos vários poderes. Anabela Fino, jornalista de O Avante, mostrou-se preocupada com os 1200 novos licenciados da área do jornalismo que todos os anos saem das faculdades e denunciou que alguns cursos “são verdadeiros casos de polícia”. A sindicalista afirmou ainda que os estagiários do jornalismo são tratados como escravos. “Pior que escravos porque aos escravos ainda davam de comer e tratavam deles”, acrescentou.
Imprensa regional deve ser contra-poder

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