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Viticultores ignoram adega da Chamusca

Viticultores ignoram adega da Chamusca

Sócios estão a entregar uvas em retalhistas de Almeirim e Alpiarça

Os viticultores da Chamusca estão a transferir a sua produção para os concelhos vizinhos de Almeirim e Alpiarça, deixando a adega cooperativa da vila em maus lençóis. Se o valor das uvas ali entradas não chegar para pagar os compromissos bancários assumidos, a cooperativa pode mesmo fechar portas.

É praticamente nulo o movimento junto à Adega Cooperativa da Chamusca. O largo onde são recebidas as uvas está quase sempre vazio, porque os agricultores preferem ir entregá-las a retalhistas de Almeirim e Alpiarça, recebendo na hora, que esperar anos pelo dinheiro da cooperativa, cujo encerramento pode estar iminente.“Se este ano não houver uvas suficientes para conseguir pagar os compromissos com a banca o futuro fica complicado”. A frase é do director de serviços da Adega Cooperativa da Chamusca, Tiago Prestes, e é sintomática do momento de crise que a adega vive.Uma crise agravada pelo facto de grande parte dos produtores do concelho deixar de ali depositar uvas, preferindo transferir a sua produção para empresas retalhistas de Almeirim e Alpiarça. “Se podemos receber logo o dinheiro não vamos ficar anos à espera. Também temos contas para pagar”, referiu a O MIRANTE um agricultor da Chamusca, fazendo eco das posições tomadas pelos seus colegas.Tiago Prestes confirma que este ano o movimento é menor na adega, assim como o “desvio” de uvas mais para sul. Mas tenta minimizar a situação – “ainda faltam duas semanas para o final da campanha e só depois é que podemos fazer uma análise mais real à situação”.O director não esconde no entanto que cada vez é ali entregue menor quantidade de uvas. Na campanha do ano passado entraram na cooperativa 1,5 milhões de quilos, apesar de a adega ter capacidade para receber 10,5 milhões de quilos por campanha.Longe vão esses tempos, em que centenas de sócios faziam fila para entregar as uvas. Hoje a adega tem pouco mais de cem associados, que produzem cada vez menos. Abel Ferreira, agricultor do Pinheiro Grande, é um bom exemplo do panorama actual do sector vitivinicultor do concelho. “Eu, como muitos produtores, arranquei este ano boa parte das vinhas que possuía por já não serem rentáveis. O pouco que me restou entreguei-o à adega mas se calhar para o ano já não o faço”, diz o produtor, queixando-se dos pagamentos em atraso por parte da cooperativa.“Há pouco tempo recebemos uns trocados referentes ainda a 2003. Das campanhas de 2004 e do ano passado ainda não vimos um tostão”, referem outros produtores.Sobre este assunto o director da Adega Cooperativa da Chamusca diz que os pagamentos ainda não estão em ordem mas isso é uma situação que acontece com todas as adegas.“Estamos a pagar ainda o projecto de investimento (remodelação do equipamento e melhoria das infra-estruturas) que aqui foi feito em 1998”, refere o responsável da adega, adiantando que enquanto não acabarem de pagar a totalidade do empréstimo à banca, que ascende a 1,250 milhões de euros, não podem pagar atempadamente aos sócios.Margarida Cabeleira
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