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Padre Ricardo Mónica exerce missão pastoral para a qual despertou há uma década

Trocou uma carreira na área de gestão de recursos humanos para servir a Deus

Ricardo Mónica era um jovem católico não praticante até que sentiu o apelo de Deus e decidiu dedicar-se ao sacerdócio. Aos 27 anos deixou a namorada e a carreira na área da gestão de recursos humanos para ser padre.

Aos 27 anos Ricardo Mónica teve uma “experiência com Deus” que o levou a preterir tudo o que tinha até então para se dedicar à missão pastoral. Tinha namorada e planos para constituir família, bem como uma carreira na gestão de recursos humanos numa empresa. O sacerdote costuma brincar dizendo que deixou de ter um vencimento certo ao fim do mês e o conforto da casa dos pais, para assumir uma missão a que outros costumam chegar dez anos antes.Foi ordenado padre há apenas três anos. Dedicou oito anos da vida ao seminário e ao curso de Teologia na Universidade Católica. Ricardo Mónica, 38 anos, natural de Almeirim, vive agora na casa paroquial da Várzea, paredes-meias com a igreja, no concelho de Santarém, onde realiza a sua missão pastoral que abrange ainda as freguesias de Moçarria e Abitureiras. Locais onde tem sentido bem as necessidades que as pessoas têm de serem ouvidas nos seus problemas e dificuldades. “Nestes lados discute-se por meio metro de terreno, na minha terra é mais por meio hectare”, graceja. Apesar das dificuldades considera que se está a adaptar bem à nova vida. Em 2006 já celebrou 38 baptizados na igreja da Várzea e outros 40 na Moçarria e nas Abitureiras. Muito por culpa de amigos que não se esquecem de si para baptizar os filhos. “Apesar de se notar que há menos casamentos e mais uniões de facto não me tem faltado trabalho”, admite. Aos domingos, a igreja da Várzea enche para as missas e, na Moçarria, ficam pessoas na rua.A Páscoa e o Natal são épocas propícias às confissões dos crentes mas também dos que, desesperados, esperam ser ouvidos por uma voz amiga. Durante a semana Ricardo Mónica não tem feito mais nada entre as dez da manhã e as dez da noite. Além das actividades nas três freguesias, colabora com os padres da cidade no atendimento e na confissão. “As vezes só vou a casa para dormir”. Por ser novo e de diálogo fácil, Ricardo Mónica consegue ser um interlocutor válido entre os jovens e sentir essa aproximação para espalhar a fé. A forma como se veste também ajuda a uma maior interligação. Calças de ganga, blusão ou camisola é a indumentária com que se sente mais à vontade quando não está a exercer a missão em termos formais. Só em dias de “festa” enverga a túnica e as vestes litúrgicas. O colarinho não costuma fazer parte do seu dia a dia.O vício do tabaco e a paixão pelo folclore“A forma de comunicar com as pessoas deve ser diferente já que o mundo também evoluiu e a transmissão da mensagem deve adaptar-se aos novos acontecimentos que vão surgindo à luz de Deus”, diz com convicção. Em oito anos de estudo, três foram passados no seminário em período vocacional, quatro anos de aprendizagem pastoral nos Olivais e um em Santarém em descerramento e orientação espiritual. Sempre foi um jovem católico mas não praticante. Esteve ligado ao escutismo, área na qual foi assistente regional adjunto e chefe nacional para a primeira secção.Ser padre não significa que não se tenham alguns vícios e Ricardo Mónica tem sempre o maço de tabaco à mão. Vai a bares com amigos e só em discotecas é mais sensível ao barulho, por não se poder conversar de forma perceptível. De resto, confessa, o folclore é a sua única “paixão profana”. É dançarino e foi tocador e cantador do Rancho Folclórico de Almeirim. Ainda hoje e quando tem disponibilidade se desloca com o grupo pelo país e pelo estrangeiro. “Até no autocarro os colegas me pedem para celebrar uma missa”, revela. Nas horas vagas o padre Mónica faz trabalhos de conservação e restauro com peças de cariz religioso em panos, telas, quadros, vidro velho, madeiras, trabalhos que aprofunda nas férias. Refere que as encomendas chegam para três anos de trabalho, enquanto abre um armário cheio de material. É cliente assíduo do ginásio para manter a forma e até costuma encontrar colegas da missão pastoral a aprumar o físico. É que apesar de não parar, a vida de padre pode-se tornar muito sedentária.As novas tecnologias são uma ajuda preciosa. Ricardo Mónica consulta frequentemente informações do site dos jesuítas para a sua orientação, verifica a caixa de correio na internet e utiliza o Messenger para “teclar” com amigos e colegas. “Tenho de ficar mais vezes offline porque abrem-se logo muitas janelas”, graceja. Ricardo Mónica não se considera um revolucionário da missão pastoral, mas para quem o vê assim lembra que, ao seu tempo, Jesus Cristo, também agiu fora dos cânones. Assegura que a vocação é para a vida.

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