A hipocrisia é o que mais detesta nos outros. Porque os transforma muitas vezes naquilo que não são. Como alguns ex-alunos seus que “viraram vedetas” depois de fazerem o conservatório. “Pergunto-me porquê essa atitude, essa mudança. É uma coisa que me deixa realmente abalada, o fascínio pelo próprio umbigo”, diz Helena, a quem os quatro anos de conservatório não mudaram a personalidade, marcada pela sensibilidade humana. “Ajoelho-me aos pés dos meus alunos mais pequenos sempre que quero falar com eles. Assim deixo de parecer um gigante”.O umbigo é o elemento central do teatro que está a preparar com as suas alunas. O “império dos umbigos” trata precisamente dessa questão cada vez mais em moda, de as pessoas se curvarem cada vez mais perante o seu umbigo, transformando-o no centro do mundo. “Uma pessoa não funciona individualmente, é uma parte de um todo”. Uma sátira para graúdos, uma espécie de ensinamento para os mais pequenos. “Mais que professora, gosto de me sentir educadora”, lembra a professora de dança. Que é também ensaiadora de peças de teatro. E coreógrafa. “Artista de província faz tudo”, diz com um brilhozinho nos olhos. Um brilho de quem sente prazer no que faz.