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Sardoal mantém tradição dos Reis

No Sardoal, a noite de Reis é vivida à moda antiga. Sete grupos de diferentes partes do concelho percorrem as ruas da vila, entoando cantares alusivos à quadra.

A vila de Sardoal cumpriu mais uma vez, este ano, a tradição da época com a realização do 3º Encontro de Cantadores de Reis na noite de sábado, 6 de Janeiro. A iniciativa é promovida pelo Getas – Grupo Experimental de Teatro Amador do Sardoal (que este ano celebra o 25º aniversário), envolve várias associações e grupos do concelho e, este ano, contou com a novidade da participação de um grupo do concelho vizinho de Abrantes, de Casais Revelhos. Às 20h00 (mais minuto, menos minuto) os vários grupos, distribuídos por pontos diferentes da vila, deram início à caminhada pelas ruas da vila. Da praça da República, junto ao pelourinho, partiu o grupo da Associação Cultural e Desportiva de Valhascos. Cerca de uma dezena de cantadores, armados de pandeireta e vozes afinadas, partiram para as ruas velhas da vila, anunciando os reis. Do pequeno grupo de homens e mulheres distingue-se a figura de Angelino Oliveira Quintas. Vestido com um manto branco, o cantador transportava uma mensagem ecuménica. O Dia de Reis “vem do Oriente”, diz Angelino, motivo suficiente para a união das religiões, que é importante não esquecer nos tempos que correm. O cantador confessa que não perde a oportunidade de cumprir a tradição nesta noite quase sempre fria. A do dia anterior é mais tradicional e terá sido comprida, atendendo à rouquidão e aos olhos vermelhos de cansaço.Já Pedro Agudo, do Getas, mostra a boa disposição que reina na antecipação da noite de cantares. Apesar de a do dia anterior ter sido também longa para este membro do grupo organizador – “quando cantamos os reis é a noite toda!”, diz entusiasmado. O grupo do Getas percorre outra zona da vila. Sai do centro cultural em direcção ao pelourinho. Antes, os elementos que têm nas mãos a organização do encontro reúnem-se numa sala da câmara municipal, onde estabelecem a estratégia para a próxima hora. Ali distribuem-se as velas e as letras que se vão entoar e depois parte-se para a romaria. O grupo do Getas é um dos maiores que participa no encontro. De entre meninos e meninas, jovens e menos jovens, contam-se cerca de 30 elementos. As roupas recordam tempos antigos. Elas de saia redonda comprida, eles com coletes e chapéus de aba. A maioria dos outros grupos opta por usar sapatos e roupas mais modernas para enfrentar a noite fria e húmida. Os Getas já cantam os reis há 15/20 anos, conta-nos Pedro Agudo, altura em que decidiram retomar a tradição abandonada já há alguns tempos. Actualmente, recuperam o hábito de andar de porta em porta, anunciando a chegada dos Reis Magos. O percurso que cada grupo tem de fazer até voltar a encontrar-se no pelourinho deveria demorar cerca de uma hora, mas o prazo às vezes é difícil de cumprir. “Pára-se sempre um bocadinho, porque alguém quer dar um vinho do Porto ou um bolinho”, confessa divertido Pedro Agudo. O Encontro de Cantadores de Reis do Sardoal nasceu apenas há três anos, numa iniciativa de solidariedade para com as vítimas do Tsunami que atingiu a costa da Ásia. No entanto, a tradição de cantar os reis já tinha sido retomada pelo Getas no final da década de 80. A organização do encontro veio mais tarde, mas foi acarinhada pela população que acaba sempre por sair à rua, dirigindo-se ao pelourinho e ao centro cultural para ouvir os cantares que chegam de todo o concelho.

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