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Duas equipas ribatejanas aventuram-se no Lisboa – Dakar

Duas equipas ribatejanas aventuram-se no Lisboa – Dakar

Pilotos de Almeirim e Tomar partiram à aventura por terras africanas

A prova mais conhecida do todo-o-terreno mundial, o Rally Lisboa – Dakar, começou este sábado e na caravana vão duas equipas ribatejanas. José Henriques, de Almeirim, vai de moto, enquanto os elementos da Templasport, de Tomar, vão de jipe. Todos fazem a sua estreia numa prova desta dureza e a expectativa de até onde conseguem ir é grande.

É pelo espírito de aventura mas também pelos projectos sonhados a dois com o filho Diogo, entretanto falecido, que José Henrique Carvalho, de 48 anos, decidiu meter-se à aventura e participar no mítico Lisboa – Dakar. Sozinho com a sua mota e uma mala onde vão apenas artigos de higiene, roupa, meia dúzia de ferramentas e umas peças “de combate” sobressalentes, tem como grande objectivo completar pelo menos três provas em África. Alugou um pequeno espaço num camião da KTM de fábrica onde leva mais algumas peças sobressalentes. Assim tenha tempo, entre ligações, de fazer as reparações.José Henriques, como é conhecido em Almeirim, onde é dono de um bar, esteve para participar no Dakar em 1979. Inscreveu-se numa espécie de concurso promovido pelo jornal AutoSport, mas o projecto não foi avante. Na altura era piloto de motocross e fazia também raids todo-o-terreno. Entretanto teve uma lesão grave em que esteve vários meses no hospital devido a ter fracturado tíbia e perónio e demorou cerca de um ano a recuperar e voltar a andar normalmente.A lesão levou-o a abdicar das corridas e passou então a acompanhar o filho Diogo nas provas de motocross e enduro, tendo vencido vários campeonatos. Só que os estudos não perdoam e quando Diogo foi estudar para Lisboa e abrandou a competição, pai e filho começaram a pensar participar no Dakar. Decidiram ir a França falar com uns amigos para comprar duas motas e participarem na edição de 2006.Só que o destino pregou uma partida e Diogo Carvalho adoeceu e faleceu pouco tempo depois (ver caixa). O sonho ficou desfeito mas José Henriques fez das fraquezas forças e decidiu manter a ideia de ir ao Dakar, com a certeza que Diogo, onde quer que esteja, irá sempre a seu lado. Nos últimos meses tem treinado na região com alguns amigos e fez duas corridas para o troféu Vintage, destinado a motos e pilotos de outros tempos, em que fez um terceiro e um primeiro lugar.Além de ir sozinho, José Henriques, que corre com o dorsal nº 190, conhece de África apenas aquilo que viu na televisão ou que os amigos lhe contaram. “Não vou lá modificar nada. Vou ter de aprender com o deserto que está lá há milhões de anos e fazer o melhor que puder”, reconhece. Fazer o Dakar é uma aventura ao alcance de muito poucos, sobretudo sem o apoio de marcas ou apoios privados. José Henriques sabe-o e é por isso que estabeleceu como grande meta terminar no mínimo três etapas em África. “Se conseguir chegar ao meio melhor, se chegar ao fim então será uma festa como deverá calcular, mas o meu objectivo realista é acabar três etapas em África”, refere.Quando questionamos José Henriques sobre as principais dificuldades que espera encontrar a resposta é simples: “não estou à espera de nada fácil”. Ao contrário de outros pilotos com mais apoio, que se podem dar ao luxo de descansar enquanto os mecânicos preparam os veículos para o dia seguinte, José Henriques vai ter muito pouco tempo de descanso. Depois de 10 ou 12 horas de etapa tem sempre mais 3 ou 4 horas para tratar da mota. “Vou ter de pensar que estou sozinho e saber gerir as emoções. Mesmo que sinta que posso andar mais não o deverei fazer porque tenho de poupar a mota”.O piloto de Almeirim vai correr com uma KTM 660 R, que foi toda montada à mão para participar no Campeonato Mundial de Bajas. Não está à venda nos circuitos normais de comercialização e tem de ser encomendada na fábrica com um mínimo de 1 ano de antecedência. A mota é uma parte grande do investimento de cerca de 70 mil euros que José Henriques já gastou com esta participação no Lisboa – Dakar.
Duas equipas ribatejanas aventuram-se no Lisboa – Dakar

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