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Espevitado Manuel Serra d’Aire

A vocação para a conversa dos autarcas da Chamusca é realmente um assombro. Só gente com uma grande vontade de conviver pode fazer durar uma sessão da assembleia municipal até às cinco e meia da manhã. Ainda por cima em plena quadra natalícia e sem recurso a qualquer tipo de doping. Ao contrário dos seus vizinhos de Almeirim que até a vinho do Porto e bolo-rei tiveram direito. Oito horas de trabalho para levar para casa uma senha de presença de uns dez contitos não é coisa que compense. Até um arrumador saca mais. E, verdade se diga, sofre muito menos.Aquela assembleia parecia um dos filmes do Manoel de Oliveira que duram de sol a sol, onde os personagens falam a uma velocidade de 33 rotações por minuto. E ainda por cima, no meio daquela ladainha toda, continuo sem perceber porque é que os socialistas da Chamusca insistem em não querer o presidente da câmara a leiloar a tralha obsoleta da autarquia que só ocupa espaço nos armazéns municipais. Dizem eles que aquilo afecta o bom nome e a imagem do concelho. Mas qual bom nome? Chamusca não é um topónimo de grande beleza. Constância, por exemplo, tem bom nome. Ou mesmo Barquinha. Isto só para falar dos vizinhos. E a que imagem se estarão os socialistas a referir? À do concelho que ardeu quase todo há uns anos, que é o depósito de lixo de meio Ribatejo e cujo povo preferiu um autarca leiloeiro que foi confessar alegadas irregularidades na gestão à Judiciária? Ó meus amigos só podem estar a brincar! Perdido por um perdido por mil. Deixem lá o presidente Carrinho distrair-se com os leilões, pois enquanto lá estiver a licitar piassabas, placas toponímicas, mapas de Portugal do Minho a Timor e outras bugigangas não está de volta das contas da autarquia. E ainda vai arrancando uns cobres que sempre dão para pagar ao Pai Natal que andou por lá a cirandar durante a quadra natalícia.Manel sabes bem que não aprecio muito os políticos e as suas tangas para endrominar o povo. Mas tenho de reconhecer que estes socialistas estão cada vez mais castiços. Em Santarém decidiram impedir um empréstimo de seis milhões para a câmara PSD fazer o trabalho que eles deixaram a meio na Ribeira de Santarém. Eu sei que a matemática e as contas não são o forte dos nossos políticos. Basta lembrar o ex-primeiro António Guterres. Mas não querer discutir um empréstimo porque só tiveram 48 horas para analisar a documentação faz-me desconfiar seriamente das capacidades daqueles autarcas. Ou será que aquilo vinha em linguagem cifrada, em árabe ou em sânscrito? Nesse caso experimentem mandar as propostas não com dois dias mas com dois anos de antecedência. Pode ser que assim haja tempo.Também já era tempo de a associação ambientalista Quercus perder a fixação nos sobreiros e azinheiras e começar a alargar a sua preocupação a outras áreas. Eu sei que a sombra de um bom chaparro é o local ideal para bater umas sestas, mas, caramba, não é caso para tanto. É que depois a malta não vê esse empenhamento, por exemplo, na luta contra a poluição dos rios Alviela e Almonda. E até nem ficam muito longe de Ourém. Será que os ecologistas não gostam de pesca? Será que preferem bolotas a peixe do rio? Será que os temas dos comunicados só podem versar sobre sobreiros e azinheiras e sobre co-incineração e cimenteiras? Vamos lá a variar, rapaziada, senão tornam-se mais monocórdicos que um discurso do Presidente Cavaco.E com esta me vou. Saudações ecologistas do Serafim das Neves

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