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Agricultores contestam projecto de emparcelamento na zona da Golegã

Agricultores contestam projecto de emparcelamento na zona da Golegã

Pequenos e médios proprietários queixam-se de discriminação

Vários agricultores da Azinhaga dizem que lhes vai ser retirado dois por cento da área dos seus terrenos para infra-estruturas quando os grandes proprietários não vão ser sujeitos ao mesmo procedimento.

Alguns pequenos e médios agricultores de Azinhaga, concelho da Golegã, dizem-se discriminados no projecto de emparcelamento que está a ser desenvolvido pela associação de agricultores Agrotejo. Os reclamantes asseguram que no processo que envolve também a freguesia de Riachos, no concelho de Torres Novas, vão ficar sem dois por cento da área total dos seus terrenos para instalação de infra-estruturas. E que o mesmo procedimento não é aplicado aos grandes proprietários. Jorge Mogas, da comissão de trabalho do perímetro de emparcelamento rural da Azinhaga, Golegã e Riachos confirma a situação, assegurando que nunca foi informado deste facto. E que por isso está solidário com os agricultores que se sentem prejudicados. Vinte e quatro agricultores subscreveram uma carta ao ministro da Agricultura a dar conta da situação. Manuel Mota é um dos homens da terra indignados com a situação. Com oito hectares de terreno diz que não aceita que lhe retirem dois por cento “de uma coisa que custou muito suor”. António Silva fala em “injustiça”. “Os grandes parece que são intocáveis. Se estamos todos no mesmo projecto todos deviam contribuir para as infra-estruturas. Algumas áreas são tão insignificantes atendendo à sua pequena dimensão que deviam ser intocáveis”, sublinha. Maria Laura Lopes sugere que se devia aplicar uma regra de permilagem que abrangesse todos de forma gradual. “Neste caso quem tinha mais área descontava mais em função do tamanho e quem tinha menos descontava o proporcional ao espaço em sua posse. Era um sistema mais justo”, refere. Jorge Mogas acrescenta que até vão ser os maiores agricultores a usufruírem mais das infra-estrutruras, adiantando que os pequenos e médios agricultores, com terrenos inferiores a 20 hectares, não estão contra o projecto de emparcelamento mas contra as injustiças que estão a ser criadas. Alguns queixam-se também de estarem a ser prejudicados na atribuição dos terrenos. “As pessoas fizeram sacrifícios para comprar terrenos em bons sítios e agora querem colocá-los em zonas de mais baixo rendimento”, comenta Hélder Pereira. Secundado por António Palmeirão que assegura já ele próprio andar a fazer emparcelamentos há muitos anos. “Fui comprando várias propriedades vizinhas para aumentar a dimensão da exploração. Estou numa zona alta, fértil e onde é mais difícil chegar a cheia e agora querem que vá para a parte mais baixa onde os terrenos são inundáveis e mais arenosos”, desabafa. Os contestatários lembram que há seis anos já deram uma faixa de terreno para alargamento da estrada do campo entre Azinhaga e Ponte da Broa. E adiantam que o Estado “devia era arranjar os rombos nas margens do Tejo para evitar a destruição dos terrenos agrícolas da zona. O projecto de emparcelamento abrange cerca de seis mil hectares e muitos agricultores, alguns com dezenas de parcelas distantes umas das outras. O estudo prévio arrancou em 2000 e o projecto em si em 2002, estando o processo em fase de conclusão. O MIRANTE contactou a engenheira Sofia Marques, responsável pelo projecto, que disse ser “extemporâneo estar a responder a um pormenor num projecto mais vasto, porque vamos fazer uma conferência de imprensa de apresentação do projecto onde essas questões podem ser colocadas”.
Agricultores contestam projecto de emparcelamento na zona da Golegã

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