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Um dilúvio de disparates

Em verdade, em verdade vos digo, está a chegar aí um dilúvio de disparates. A campanha do referendo ao aborto está à porta. E quando digo que está à porta não é em sentido figurado. Ontem já tinha propaganda no correio. Em casa não entram porque tenho a porta fechada e mudo de canal assim que começam a falar do assunto na televisão. Pelo panfleto que me deixaram no correio já percebi as armas que vão ser usadas. Como se dizia quando eu era miúdo e andava na escola, “vale tudo menos tirar olhos”. Se calhar neste caso até vale tirar olhos. Pelo sim, pelo não é melhor andarmos bem protegidos. Já me apercebi que se formaram movimentos pelo sim e pelo não. Verdadeiros exércitos preparados para o assalto aos eleitores. Milícias empenhadas e bem treinadas no discurso e no tom do discurso. Não há organização daquelas bem radicais que desdenhe a participação de pessoal assim. Esta que me atacou a caixa do correio apela às rezas. E mete duas Nossas senhoras pelo meio. A Nossa Senhora de Fátima “No ano em que se comemora o 90º aniversário das aparições” e a Nossa Senhora de Lourdes, cuja festa é, imaginem, a 11 de Fevereiro.Quem quiser receber os instrumentos necessários para uma boa reza, ou seja, o terço e um livro de orações ilustrado, vai ter que pagar, como convém mas pagar não chega. No talão de encomenda tem que se comprometer a votar Não e a rezar pelo menos um terço antes do dia 11 de Fevereiro, dia em que se realiza o referendo. Pela minha parte, para além desta carta a O MIRANTE e na minha qualidade de católico, vou rezar com fervor para que a chuva de disparates que já anunciei no primeiro parágrafo não seja tão grave que afunde o país num banho de insensatez.Joaquim António Santos Ramos

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