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Um ex-candidato a autarca que não gosta de falar de política

A pontualidade parece ser um valor caro a José Peseiro. Antes da hora marcada já o técnico de futebol estava no café Académico, paredes meias com o prédio onde reside no bairro do Sacapeito, em Santarém. O casaco de pele, a camisola preta, e as calças de ganga conferem-lhe um ar informal, que combina com o gel no cabelo. O cachecol ao pescoço combina com o frio que assola a cidade e o país. Pessoa reservada, só se empolga verdadeiramente quando se fala de futebol e, sobretudo, de alguns momentos da sua carreira. Como a sua polémica passagem pelo Sporting, onde dividiu opiniões entre os adeptos leoninos que ainda hoje lhe elogiam o futebol praticado e os que não se esquecem do amargo de boca de nada se ter ganho nessa época. Já quanto à política e à sua simpatia clubística é mais reservado. Chega mesmo a irritar-se moderadamente perante a nossa insistência sobre se é ou não militante do PCP. Não responde, embora confirme que foi candidato pela CDU em Coruche em eleições autárquicas há muitos anos. “Mas em lugares não elegíveis”. Confessa também que nunca leu “O Capital”, uma espécie de bíblia dos comunistas escrita por Karl Marx. Quanto à simpatia pelo Benfica, comum à sua família, muito a custo lá conseguimos arrancar a confissão: “Não digo que não me dá alguma satisfação o Benfica ganhar”.Tem quase 47 anos, é mais velho que o seu colega de faculdade José Mourinho, por exemplo, mas não parece. É casado e tem um casal de filhos. Ambos estudam. O filho já se emancipou. José Peseiro descende de uma família de comerciantes. O pai, na sua infância, tinha uma loja. Hoje a família tem um restaurante afamado pelas bandas do Sorraia e não só. Mas o técnico não se mete em grandes cozinhados. Embora desenrasque uns bifes com batas fritas ou uns ovos estrelados se for necessário. Das lides domésticas é que não gosta muito, reconhecendo que a sua ajuda à esposa fica aquém do recomendável.Foi um puto reguila que gostava de jogar à bola. Mas foi também bom aluno. Licenciou-se pelo Instituto Superior de Educação Física (ISEF), em Lisboa, transformado entretanto em Faculdade de Motricidade Humana. Dali saiu uma fornada de treinadores, o mais emblemático dos quais é José Mourinho. Fez também um mestrado. Viciado confesso em futebol, José Peseiro diz não ter outros vícios ou medos que mereçam menção. Gosta de ver os jogos ao detalhe, mas sem som. Não acompanha a visão com música clássica, como fazia o seu colega Artur Jorge, embora aprecie esse tipo de música. Tal como também gosta de um bom livro ou de um bom filme. “A Testemunha”, um filme com Harrison Ford da década de 80, é um dos filmes da sua vida. Gosta de tramas bem construídas e onde se possa aprender algo sobre outras civilizações ou comunidades.

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