“No Sporting fui sempre uma besta”
Foi quase campeão nacional, esteve quase a vencer a Taça Uefa, foi elogiado por todos, mas numa semana perdeu com o Benfica e perdeu a Taça Uefa e todos lhe apontaram o dedo. Como viveu essa semana em que passou de bestial a besta?Esse ambiente que eu tive sempre e que nunca me foi favorável, nunca me proporcionou que eu me sentisse bestial e isso foi bom. Fui sempre uma besta no Sporting. Entre ganhar e perder era sempre uma besta. Nunca tive uma tarja de apoio nas claques. Só tinha Peseiro c….. pede a demissão ou uma coisa dessas.Mas como é que geria as suas emoções num cenário desses? Sentia-se injustiçado?Tinha de aceitar. É o mundo em que a gente vive e não se consegue mudar. Na altura o Peseiro era culpado de tudo, nesta altura são os jogadores culpados de tudo. Mas eu ser visto como culpado até era bom porque isso libertava os jogadores da pressão. Eu dizia que a minha equipa era a melhor e fui criticado por dezenas de energúmenos que nem percebem que um treinador se não tem dinheiro para fazer uma grande equipa – e o Sporting não tinha – tem de motivar os que tem. E para quem tem dúvidas eu pergunto onde é que está o Douala, o Paíto, o Sá Pinto, o Pinilha, o Niculae, que eram titulares na altura? Alguns até têm dificuldade para arranjar clube, sinal que não eram assim tão bons como isso.Teve divergências com alguns jogadores. Há quem diga que lidar com os atletas é a sua maior lacuna como treinador. Concorda com essas críticas?Em 14 anos de treinador, com quatro subidas ou cinco nunca tive esse ónus da questão. Isso foi maquiavelicamente preparado por pessoas que queriam que perdêssemos. Havia pessoas que queriam que o Dias da Cunha saísse do Sporting – e eu já apontei os nomes – que no dia a dia a única coisa que faziam era desautorizar a minha liderança.
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