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Leilões e concursos municipais gozados no “Enterro do Galo”

Tradição de fecho satírico do Carnaval voltou a cumprir-se na Chamusca

A Chamusca é uma das poucas localidades da região onde perduram tradições ligadas ao Entrudo, nomeadamente o Jogo do Quartão e o Enterro do Galo, graças ao empenho dos jovens.

Os leilões de velharias municipais que o presidente da Câmara da Chamusca, Sérgio Carrinho, tem promovido, foram um dos temas mais gozados nas quadras do Enterro do Galo, uma tradição que fecha todos os anos a noite de Quarta-Feira de Cinzas.Está tudo em leilãoMesas, medidas e fontanáriosReina já preocupaçãoA seguir são os funcionáriosE quem é que os quererá?Perguntarão como euMas fiquem sabendoSão autênticas peças de museuPara arranjarem dinheiroE pagar aos credoresQualquer dia ainda vendemA Igreja da Senhora das DoresVai tudo por água abaixoJá não há nada a fazerJá se amanhou quem pôde E o resto vai-se venderA função decorreu na sede do Grupo Dramático Musical. O padre, o sacristão, o defunto galo, a viúva e as carpideiras fizeram a festa. As quadras de escárnio e mal-dizer foram sendo recitadas passando em revista os acontecimentos dos últimos doze meses, para gáudio da assistência (ver vídeo em www.omirante.pt). O refrão deste ano foi inspirado na redução, por problemas financeiros, das tradicionais festas da Semana da Ascensão. De vez em quando lá perguntava o padre: “Que é feito da Ascensão?” E a resposta vinha pronta pela boca do sacristão: “Já foi vendida em leilão”. Os concursos da câmara para admissão de pessoal também inspiraram o testamento do galo, bem como outros acontecimentos do quotidiano social da terra.Os concursos da câmara municipalCorreram como era esperadoAinda não havia decisão finalJá havia pessoal contratadoSe está desesperadaTem a vida lixadaTudo lhe corre malDurma com um bananaE daí a uma semanaÉ funcionária MunicipalPior que as obras de Santa EngráciaSó a nossa BibliotecaMesmo assim demora menos tempoQue o padre a dar uma quecaJá tem nome a bibliotecaQue raio de obra enguiçadaMas ainda não há dataPara ser inauguradaO nosso campo de futebolDepois de tanta brigaÉ uma obra de sensaçãoQue só será inauguradaNo dia em que o UniãoSubir à primeira ligaMandaram arranjar a praçaPorque não tinha condiçõesEsqueceram-se de entradas maioresP’rás furgonetas dos hortelõesGastou-se um dinheirãoPara ter um bom mercadoE agora andam os agricultoresA vender em qualquer ladoNinguem sabe bem porquêMas o chefe é que consenteAndam para aí uns rapazesA mandar mais que o presidenteNo início da cerimónia satírico – fúnebre tinha ficado o aviso: “Avisa-se que o testamento vai ser turbulento, pode dar dores de barriga ou alguma caganeira. E este pregão inventado só por coincidência pode ser comparado com algum caso passado. E agora ponham-se a jeito que se enterra tudo a eito. Lá vai disto. Mas antes de começar peço aqui ao sacristão uma rega para a coisa amaciar”. O aviso era desnecessário. Leva a filha aflitaCom dores de meter dóAo sair do hospitalPara além de mãe era avóEstava a mulher ajeitadaA ver se ele percebiaEla queria marmeladaMas o pancona dormiaNa distribuição dos bens o galo não esqueceu as mulheres traídas e as donzelas a quem fez questão de deixar as penas e a crista.Vão para as mulheres traídasAs minhas lindas penasAssim esquecem o passadoE deixam de fazer cenasÀs donzelas casadoirasA crista vou deixarQuando lhes faltar o maridoSempre se podem consolarEstudantes aficionadosOrganizaram uma vacadaNão se entenderam nas contasEnvolveram-se à chapadaBeberam uns copos nos ArneirosMalta nova, mocidadeCom o carro arrancaramOs postes de electricidadePara a passagem de anoFoi ela p’rá NazaréViu o Pedro MilionárioFicou com os cabelos em péNaquela rua do valeÉ constante o desatinoComo aguenta tanta porradaAquele corpo tão franzinoFizeste uma casa novaCom belas grades de bronzeAté no número acertasteA tua porta é o onzeOlha lá ó rapazinhoTenho pena de ti coitadoQuando olho para tiSó me lembras um veadoA Tradição do Enterro do Galo na Chamusca vai manter-se por muitos anos a avaliar pela participação dos mais novos. O grupo que organizou e representou a farsa era maioritariamente composto por jovens e na assistência a juventude também estava em clara maioria. A única preocupação parece ser o local para a realização da brincadeira. A sede do Grupo Dramático Musical, única colectividade que organizou bailes de Carnaval, não é muito grande. Longe vão os tempos em que as salas das três grandes colectividades da terra, Sporting Clube Chamusquense, Sport Chamusca e Benfica e Grupo Dramático Musical, rebentavam pelas costuras, com pessoal ávido para saber ouvir as calhandrices testamentárias do galináceo.

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