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Crianças de Vialonga dão os primeiros passos no hóquei em patins

Clube do concelho de Vila Franca quer crescer

Para a secção de hóquei em patins do Grupo Desportivo de Vialonga o importante não é ganhar mas sim competir. É nessa filosofia que crianças e jovens vão crescendo, sempre apoiados pela claque “paternal”.

O pai queria tirá-la do sofá e Ana Rita, de 12 anos, resolveu começar a praticar hóquei em patins porque, diz ela, entre risos, “é uma maneira de bater nos rapazes discretamente”. Agora acha que só vai parar quando chegar à selecção nacional. Rita e Raquel, de 10 anos, são as duas únicas raparigas da equipa de infantis de hóquei do Grupo Desportivo de Vialonga. Raquel veio por acaso, porque queria aprender a andar de patins, e acabou por gostar do jogo e ficar, já lá vão dois anos. O resto da equipa é constituída por rapazes como José Ricardo, de 12 anos, que pratica hóquei há cerca de quatro anos e não pensa em parar.Os atletas reúnem-se todas as segundas e quintas-feiras, depois da escola. Joaquim Bolacha Gomes e Rui Marujo são os treinadores que os acompanham e os mentores deste projecto, iniciado há quatro anos. Para o senhor Bolacha, como é conhecido por todos, o grupo, que só no ano passado começou a entrar em competições, sofre por ser ainda jovem demais. “Normalmente nos clubes grandes começam com três ou quatro anos. Aqui aparecem com sete”, refere, acrescentando que não é por jogar contra atletas mais experientes que perdem a motivação. Até porque o lema de que “o importante não é ganhar mas sim competir” é aqui levado muito a sério. “Não me interessam resultados, quero é que joguem todos”, diz o treinador.Para além dos Benjamins, que vão dos seis aos oito anos, e dos atletas mais velhos, dos nove até aos 12, a equipa conta este ano com dois Bambis, alunos de quatro e cinco anos que não competem, estando ainda apenas a aprender a patinar. Este reforço das idades mais jovens é um sintoma de que a equipa se está a aproximar daquilo que são as equipas maiores.Os treinos decorrem num ambiente descontraído, com direito a brincadeiras mas sempre com a noção de que a disciplina é importante na prática de qualquer desporto. “A formação comigo é fácil porque sou mais um gaiato no meio deles a brincar”, confessa Joaquim Bolacha. No entanto, a ordem é sempre mantida e os atletas reconhecem o significado de todos os apitos. Caso não obedeçam, sofrem o castigo das flexões. Se cumprirem tudo o que é pedido, têm até direito a uns minutos da brincadeira que escolherem. “É uma forma de incentivá-los”, garante o treinador que, no fim do ano, do seu bolso, compra taças que entrega a todos, para premiar aspectos como o bom comportamento, a assiduidade ou as boas notas na escola. A escola é, aliás, o mais importante. “Se sei que algum tem más notas, não joga. Por isso é que eles têm boas notas”, diz o dirigente.Os pais e mães que, em competições ou treinos, apoiam os filhos das bancadas, funcionam como mais um elemento do jogo. Vera Silva, mãe da Rita, chega ao fim do treino quase sem voz, de tanto torcer pela equipa da filha. Explica que o apoio que dão é fundamental. “Eles entram no campo e procuram-nos com o olhar”. Seguem os filhos para onde quer que vão e não se limitam a assistir ao jogo. “Vimos no site do Benfica, onde nos consideraram uma das melhores claques”, conta, com orgulho. Sempre divertido, este grupo de mães nunca perde o fair-play. “Temos cânticos para quando eles marcam golos e cânticos para quando sofrem golos”, conta Vera Silva. “Estamos aqui por eles, se não formos nós a apoiá-los naquilo que eles gostam de fazer, quem será?”, conclui.O apoio dos pais é fundamental não só a nível emocional mas também a nível financeiro. O hóquei em patins não é um desporto acessível a qualquer bolso. Um par de patins pode custar mais de 200 euros, um stick cerca de 300 euros. Se o filho resolver ser guarda-redes, os pais têm que desembolsar pelo menos 600 euros, sem contar com os patins. Os valores são dados pelo treinador Bolacha. “Sou contra a política governamental que cobra Iva de luxo para equipamentos desportivo para crianças”, afirma. Os pais cobrem todas as despesas, compensadas pela satisfação de verem os filhos felizes com aquilo que fazem.

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