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Dar a vida pelo próximo

O caso da mãe que de Ferreira do Zêzere, Ana Antunes, que deu parte do seu fígado ao filho David fez-me reflectir sobre esta questão de alguém arriscar a vida pelo próximo. A história é tocante e tem todos os ingredientes para nos comover, incluindo a coincidência de a mãe dadora ter comemorado o seu 24º aniversário no dia a seguir à difícil intervenção cirúrgica mas nem sempre são as mães ou pessoas próximas a arriscar a vida por terceiros.Quantas vezes não assistimos já a desconhecidos que salvam a vida de outros desconhecidos. A desconhecidos que arriscam ou perdem a vida para salvar os seus semelhantes. O homem que vai a passar e se atira ao rio para salvar alguém que caiu. O bombeiro que entra num edifício em chamas para salvar da morte uma criança, um idoso ou uma mulher que estão presos pelo fogo. O camarada de armas que num cenário de guerra dá o peito à metralha para evitar a morte dos restantes elementos do seu pelotão. Há mil e uma explicações para gestos altruístas que implicam risco de vida e eu não sou especialista em questões destas mas há algo que percebo. Uma coisa é agir sob pressão. Decidir enfrentar a morte numa fracção de segundos em que nem tempo há para pensarmos que podemos não sair vivos daquela aventura. Coisa bem diferente é agir conscientemente. Reflectir sobre o perigo, avaliar as possibilidades, ponderar o que fazer e decidir enfrentar os riscos. Ana Antunes falou com médicos que lhe explicaram os riscos, ouviu familiares e amigos, ouviu a sua própria voz e só depois tomou a decisão. Foi uma decisão sofrida, não foi algo instintivo ou irreflectido. Por isso o que ela fez tem outro valor. Há os heróis e há aqueles que são duplamente heróis. A mãe de Alqueidão de Santo Amaro, Ferreira do Zêzere, está neste último grupo.Marta Campos Fonseca

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