Junta proibiu compra de terrenos do cemitério por falta de espaço
Lar de Aveiras de Baixo chegou a duplicar número de óbitos na freguesia
A existência de um lar em Aveiras de Baixo, Azambuja, sobrelotou o cemitério da aldeia. A Junta não vende terrenos às famílias para ter vagas e prepara um cemitério alternativo.
A falta de espaço no cemitério da aldeia de Aveiras de Baixo, concelho de Azambuja, levou a Junta de Freguesia local a proibir a compra de terrenos. “Nas aldeias existia a tradição das pessoas comprarem os terrenos ainda em vida. Uma senhora comprava o terreno, mas dizia logo que queria ficar ao pé do marido. Eram situações aberrantes que não faziam sentido nenhum”, explica o presidente da Junta de Freguesia de Aveiras de Baixo, Silvino Lúcio, que revela que o facto das famílias escolherem os terrenos que queriam ocupar no cemitério provocou graves problemas de gestão do espaço.O problema foi agravado nos últimos anos com a existência de um lar na freguesia onde faleceram muitas pessoas de vários pontos do país, mas que por não terem família acabaram por permanecer no cemitério da aldeia. Uma situação que chegou a fazer duplicar o número de óbitos na freguesia. “De uma média de 15 ou 20 passámos a registar cerca de 30 funerais por ano”, explica o autarca que sublinha que não existe qualquer legislação que estabeleça que as pessoas que morrem em determinado local não possam ser ai enterradas. “Houve uma altura em que quase todas as semanas morria uma pessoa”, diz o autarca que admite que ultimamente o número de óbitos abrandou. Silvino Lúcio explica que tentaram sensibilizar a proprietária do lar para a questão até porque muitos dos utentes ali falecidos são oriundos de Pombal, Coimbra e até Beja. “Tentamos que as pessoas de fora sejam enterradas no local de onde são o que não tem sido fácil”, explica.Para evitar a sobrelotação do cemitério de Aveiras de Baixo os funerais começaram a ser canalizados para a nova necrópole situada já em terrenos da Mata das Virtudes, junto à Estrada Nacional 3. Uma situação que não agradou a alguns populares da freguesia que por questões emocionais preferiam ver os seus entes permaneceram no cemitério primitivo. Para gerir o problema da falta de espaço o executivo decidiu fazer o levantamento das ossadas de três em três anos de forma a permitir a rotatividade no espaço depois de fazer o aviso por edital como prevê a lei.Silvino Lúcio explica que o cemitério é a grande fonte de receitas da autarquia local, que chegou a aumentar exponencialmente as taxas dos terrenos para dissuadir as pessoas a adquirirem os terrenos, acabando por recusar mesmo a venda de covados. A junta está agora a apostar na expansão do cemitério número dois da freguesia que começou a ser usado em 1989. Depois de quatro anos de espera por parte da Direcção Geral do Património, o Estado finalmente libertou os 4150 metros quadrados de parte da Mata das Virtudes, junto à estrada, que permitirá no futuro o alargamento. A parcela vai custar cerca de 10 mil euros, mas a junta está a contar com apoio da Câmara Municipal de Azambuja para aquisição do espaço. “Por vezes criticam-se os autarcas por não terem visão estratégica. Aqui passa-se exactamente o contrário”, assegura Silvino Lúcio.
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