Esperava-se uma partida (bem) melhor, mais aberta, até porque a subida de divisão já era uma certeza para ambas as equipas, porém, sem chegar a ser muito mau, o futebol a que se pôde assistir foi de uma vulgaridade entediante. Ninguém arriscou, os dois treinadores colocaram as suas equipas em campo mais numa de esperar pelo erro do adversário do que em jogar para ganhar. O Fátima até parece ter um conjunto mais recheado, mas Jorge Regadas arrumou muito bem os seus jogadores, anulando as saídas apressadas dos adversários. Depois, quando achou que era a altura certa, o treinador nortenho arriscou, para vencer. Por acaso, Oseias, o primeiro que fez saltar do banco foi aquele que marcou o único golo do desafio, aos 103 minutos, num remate seco e colocado, de pé esquerdo. Antes, a saída – por lesão – de João Fonseca tirou força ao meio-campo do Fátima, que não voltou a ter clarividência, ou sequer imaginação, para lançar os rápidos da frente. De qualquer modo no resto do tempo que faltava a equipa de Rui Vitória, que entretanto fez entrar Pimenta, para o lugar do apagadíssimo Carlos Manuel, esteve sempre em pressão sobre o seu adversário, mas já não havia forças nem discernimento para chegar pelo menos ao empate. No fundo, o Freamunde foi mais competitivo e, num lance que nem era bem uma oportunidade de golo, mais eficaz. Certo é que, para não se habilitarem a um indesejável bilhete de ida e volta na Liga de Honra, as duas equipas têm mesmo de se reforçar – e bem. “Seguir em frente para conseguir mais vitórias”Só nos dois jogos anteriores, os da eliminatória da subida, frente ao Real, o Fátima marcou sete golos; na decisão do campeonato, nem um e, já no prolongamento, deixou o Freamunde adiantar-se, irremediavelmente. “Foi um pormenor que fez a diferença, porque até aí as duas equipas equivaleram-se, batendo-se muito bem, umas vezes estivemos melhor, noutras esteve o Freamunde”, comentou Rui Vitória, sem demoras, orientando-se já noutra direcção: “Temos de seguir em frente para conseguir mais vitórias. Se fico no Fátima? Vamos conversar, logo se vê”. “Já houve conversas, mas ainda nada está decidido quanto à minha continuidade ou não. Agora vamos descansar, porque a época foi intensa, a partir de segunda feira vamos conversar mais a sério para definir a situação e arrancar para o futuro”, disse Rui Vitória.“Um título é um título não o conseguimos, mas os objectivos foram atingidos”A subida à Liga de Honra deixou satisfeitos os dirigentes do Fátima, o director do Departamento de Futebol, Luís Albuquerque, também ele uma das peças chave do excelente campeonato efectuado. “Ficávamos mais satisfeitos com a conquista do título, mas não estamos aborrecidos com a derrota. Garantimos o nosso objectivo de subir de divisão, devolvemos ao distrito de Santarém um clube nos campeonatos profissionais, foi um culminar de cinco anos de trabalho árduo de organização e solidificação do clube, que culminou com esta subida histórica, só temos que estar satisfeitos”, referiu.Luís Albuquerque garantiu que o salto vai ser muito grande e que a direcção está a ponderar muito bem o que vai ser feito. “Não vamos entrar em loucuras, vamos formar um plantel dentro das nossas possibilidades, vamos procurar com calma e contamos com a equipa técnica para nos ajudar nessa procura”, garantiu.O dirigente confirmou que já houve uma abordagem com a equipa técnica para a sua continuidade, mas nada está ainda resolvido. “Acredito que Rui Vitória e Arnaldo Teixeira vão continuar à frente da equipa sénior do Fátima, e nos vão ajudar a formar um plantel forte, e agora vamos falar também com os jogadores que nos interessam”.Luís Morgado um símbolo do futebol do Fátima que não sabe ainda se vai continuarLuís Morgado, é um símbolo do futebol sénior do Centro Desportivo de Fátima, ali joga há vários anos, é capitão de equipa, mas não é profissional de futebol, é professor de educação física num estabelecimento de ensino da cidade de Fátima, por isso não sabe ainda se vai acompanhar a equipa na aventura da Liga de Honra.“A direcção já conversou comigo, mas eu não sei, não vai ser fácil conciliar o meu trabalho com o futebol profissional. Ainda não sei, vai ser muito difícil, tenho que pensar muito bem”, referiu Luís Morgado, ao mesmo tempo que garantia que tinha vivido no domingo anterior a maior alegria da sua vida de futebolista, quando o Fátima garantiu a subida. “Só um grupo como o que se conseguiu este ano em Fátima, levou a esta brilhante subida”, garantiu.