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Cruz Vermelha chegou a usar portas para transportar feridos das largadas de toiros

Histórias do socorro e peripécias registadas pela instituição durante a Feira Nacional de Agricultura

O elevado consumo de álcool é responsável por grande parte do trabalho dos operacionais da delegação de Santarém da Cruz Vermelha Portuguesa que todos os anos asseguram o socorro na Feira Nacional de Agricultura em Santarém.

Quando a Feira Nacional de Agricultura/Feira do Ribatejo se realizava no Campo Infante da Câmara apareceu um dia nas largadas uma vaca de nome “Mimosa”. Por detrás do nome simpático estava um autêntico terror para os aficionados, já que marrava em todos os que se descuidavam e aproximavam demais. Nessa altura estava de serviço ao socorro dos infortunados Miguel Centeno, um operacional da Cruz Vermelha Portuguesa de Santarém, que continua a fazer a assistência na feira. Chegou uma altura em que os colhidos eram tantos que se esgotaram as macas e teve que se usar uma opção de recurso. Os socorristas começaram a tirar as portas da sua unidade instalada no mesmo campo da feira para levar os feridos. Em dezenas de anos a prestar socorro na feira não faltam histórias e peripécias. Como a de um valente aficionado que tentou pegar um bravo animal, já quando a feira se realizava no Centro Nacional de Exposições, e acabou com o escroto furado. “Foi a primeira vez que vi uns ‘tintins’ abertos”, recorda Miguel Centeno. Os principais clientes do posto de socorros da Cruz Vermelha, todos os anos instalados na feira, são os colhidos nas largadas de toiros. “Às vezes no fim de serem cosidos viram-se para nós e dizem que agora é que vão pegar o toiro. A maior parte das vezes voltam logo de seguida para serem recosidos”, conta o comandante da Cruz Vermelha de Santarém, Fernando Lucas. Nos últimos anos as bebedeiras também têm dado muitas dores de cabeça aos socorristas. E não são só os homens que chegam em ombros ao posto de socorros, com médico e enfermeiro em permanência. Nos últimos anos tem-se registado também muitos jovens de 15 e 16 anos perdidos de bêbedos que a única coisa que conseguem dizer é: “não diga nada ao meu pai”. Também há aqueles que não se aguentam em pé e mesmo assim recusam entrar na ambulância para serem assistidos no local ou enviados para o hospital. E foram muitas as vezes que os elementos de serviço tiveram que andar a limpar o vomitado no chão quando tentavam ajudar a fazer passar os efeitos do álcool. “Agora metemos-lhe uns sacos logo à frente para vomitarem lá para dentro”, diz Fernando Lucas. É para as largadas que a Cruz Vermelha mobiliza mais meios - cinco ambulâncias, três delas junto à manga. O comandante conta que começam a existir utentes habituais, que todos os anos passam pelo menos uma vez pelo posto de socorros. E em algumas situações em que têm de primeiro estabilizar a vítima antes de a transportar, os socorristas não se livram de críticas da assistência que se junta no local. Durante o dia a principal complicação é a desidratação.

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