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Novo Traçado da Linha do Norte: onde está a alternativa?

Tudo leva a crer que a alteração do traçado da ferrovia da linha do norte irá ter um enorme impacto sobre o concelho de Santarém. A proposta apresentada pela REFER impõe não só a demolição de algumas habitações e a destruição de campos agrícolas, como também a passagem desta estrutura junto a uma zona habitacional, como é o caso da Portela das Padeiras. Na verdade, é estranho que esta empresa pública proponha à população do concelho apenas um único projecto. Como é que se pode discutir seriamente um plano desta relevância e com este impacto, se o mesmo não contempla nenhuma alternativa? Isto faz supor que a discussão pública acaba por ser um mero formalismo, um faz-de-conta, denunciando que afinal a decisão já está tomada. A REFER terá assim que explicar à população por que é que não apresentou uma alternativa a este traçado.As consequências para a cidade desta localização são enormes. Senão vejamos: as cidades estão em permanente crescimento, no caso de Santarém existem actualmente duas grandes limitações à sua expansão. A primeira é dada pelo rio Tejo e a segunda pela auto-estrada A1. Criar uma ferrovia no meio destas duas barreiras, já existentes, é espartilhar o crescimento da cidade, limitando seriamente o seu desenvolvimento. A longo prazo o preço a pagar por isso é elevado, comprometendo as futuras gerações. A posição da Câmara de Santarém, nesta matéria, tem-se pautado, no meu entender, por uma atitude demasiado passiva, o que não é compreendido pela população afectada.No caso concreto de Vale Figueira, a situação adopta contornos no mínimo estranhos, o que coloca em causa a seriedade e o rigor desta proposta, uma vez que o traçado foi desenhado com base numa informação cartográfica desactualizada, não contemplando por exemplo, a existência de uma moradia construída há 18 meses. Ninguém tem dúvidas que o progresso é necessário e que as actuais limitações do traçado da linha do norte têm que ser corrigidas, para bem de todos. Porém, há que existir um compromisso entre o desenvolvimento e o respeito pelos interesses individuais e colectivos da população do concelho de Santarém. A Câmara Municipal de Santarém, enquanto legítimo poder local, não pode nesta matéria ter um postura de indiferença, sabendo que existe a possibilidade de uma alternativa à actual proposta que teria muito menos impacto sobre a cidade e as populações, mas que não foi apresentada pela REFER por ser mais onerosa nalgumas dezenas de milhões de euros. Aparentemente tudo indica que o futuro do concelho de Santarém − já tão desfavorecido em termos de investimento público − ficará comprometido por razões economicistas. Ora, esta situa-ção é intolerável. Sobre este assunto, a Câmara Municipal de Santarém não pode cair num mutismo político. Além disso, a sua falta de iniciativa e o seu silêncio não seriam compreendidos pela população.Diante um assunto tão sensível e importante para o concelho de Santarém, deveria ser criado um consenso alargado entre os Vereadores e Assembleia Municipal, de modo a que não sejam somente os critérios económicos a impor uma solução de recurso, como é o caso do actual projecto, que não serve os nossos melhores interesses. Afinal, não é isto que a população espera dos seus representantes políticos?Pedro AfonsoMédico Psiquiatra

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