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Origens da grande festa tomarense perdem-se no tempo

Pães e flores silvestres, fazem-nos pensar com festas de colheitas
Não são muitos os escritos sobre a origem da Festa dos Tabuleiros e, os que existem, revelam algumas incertezas sobre a forma como nasceu esta celebração. Será uma festa pagã? Será uma festa religiosa? Será um misto de ambas? A última hipótese é a mais consensual. No site oficial publicado pela Comissão da Festa dos Tabuleiros é referida uma pesquisa que aponta para uma proveniência romana, uma celebração à Deusa Ceres, a deusa das plantas (grãos) e amor maternal (wikipédia). O mesmo nos diz Fernando Araújo Pereira, figura proeminente do século XX em Tomar, no seu livro “Coisas simples de Tomar” – “os «tabuleiros» de Tomar, com o seu trigo, os seus pães e as suas flores silvestres, multicolores, fazem-nos pensar – e sonhar – com festas de colheitas”. Quanto à origem religiosa, esta está intimamente ligada à Rainha Santa Isabel (século XIII). A mesma soberana que, segundo a lenda, protagonizou o milagre da transformação do pão em rosas, e dessa forma enganou D. Diniz na sua missão de ajudar os mais desfavorecidos. Devota aos ensinamentos dos monges franciscanos, segundo nos diz também Carlos Trincão (Boletim Cultural da Câmara Municipal de Tomar nº22 – Abril 2003), a rainha fundou em Portugal as Festas do Império do Espírito Santo, que celebravam “a descida do Espírito Santo aos Apóstolos”. Os festejos rapidamente se espalharam a todo o país e, hoje, mantém-se apenas em algumas zonas de Portugal, como é o caso dos Açores, de Azinhaga (Golegã) e de Tomar. A festa religiosa absorveu a de origem pagã e acontece na semana do Pentecostes. As flores, usualmente papoilas, o trigo e o pão fazem parte dos tabuleiros que as moças transportam à cabeça no dia do grande cortejo. Serão cerca de cinco quilómetros percorridos pelos pares, onde o rapaz desempenha o papel de apoiante. O elemento masculino pode transportar o tabuleiro apenas no ombro e torna-se no elemento fundamental para o içar do tabuleiro, depois da bênção realizada na Praça da República. O momento é mágico. Depois de um breve descanso e das palavras religiosas, um primeiro foguete lança o aviso do toca a reunir. Rapazes e raparigas aprontam-se para o levantar do tabuleiro. Dois toques do sino da Igreja de São João, alerta-os para estarem preparados e uma terceira badalada leva ao içar simultâneo de todos os tabuleiros. E a marcha continua num desfilar que percorre 5 quilómetros ao longo das ruas da cidade. O povo costuma acotovelar-se nos passeios e aplaude a coragem das mulheres que passam. Os aguadeiros vão refrescando, ao longo do percurso, as moças e os moços do calor que aperta. O tabuleiro deveria ter a altura da rapariga que o transporta. Era assim no passado, mas já não acontece nos dias de hoje. As juntas de freguesia são as responsáveis pela construção dos tabuleiros e, por isso, existe uma altura padrão de 1,50 metros para todos. As flores e as cores das faixas e das gravatas usadas por raparigas e rapazes variam consoante a freguesia representada (um total de 16 freguesias). O cortejo principal da festa acontece no segundo domingo de Julho, de quatro em quatro anos, e representa o ponto alto da festa tomarense.

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