Edição de 2007.08.23 1ª página Especial Pão, Vinho e Companhia A relação com a minha chefe de gabi ...
A relação com a minha chefe de gabinete é meramente profissional
Em duas situações recentes optou por defender os seus colaboradores directos em detrimento da estabilidade de órgãos a que preside. Na câmara defendeu a sua chefe de gabinete e na CULT (Comunidade UIrbana da Lezíria do Tejo) o administrador - executivo António Torres. Um político não deveria pôr os interesses colectivos acima de questões pessoais? Quando escolho pessoas para trabalhar comigo é porque conto com a sua disponibilidade e dedicação. São pessoas que me são fiéis. Eu não posso demiti-las só porque vêm pessoas de fora exigir isso em nome de um bom relacionamento institucional. O dr António Torres veio da CCDR, convidado por nós, Câmaras, para servir a Associação de Municípios. Viveu a transformação em CULT. Viveu todas as vicissitudes de vários programas e candidaturas. Foi sempre de uma dedicação inexcedível. Agora chegava aqui um colega (Moita Flores – Presidente da Câmara Municipal de Santarém), que foi eleito há um ano e tal, dizia que ele não valia nada e eu mandava-o embora? O Presidente da câmara de Santarém não tinha o direito de fazer uma avaliação do trabalho do administrador-executivo da CULT?Tinha. Mas não era isso que estava em causa. Ele agora disse-nos, e não sei se também o disse à comunicação social, que o grande objectivo dele não era atingir o António Torres mas a direcção da CULT. E que usou aquela estratégia para não vir para a praça pública com ataques à direcção da CULT. O caso da sua chefe de gabinete foi diferente. Tratou-se da forma como contestou os resultados de um concurso interno para chefe de secção. E agora fica a ideia que o senhor terá intenção de anular o concurso.Ser chefe de secção é um objectivo natural de todos os funcionários que estão na categoria que lhes permite isso. E ela está nessa situação. É um objectivo perfeitamente natural. Agora quero frisar bem uma coisa. Eu não quero a anulação do concurso. Eu quero o cumprimento daquilo que os pareceres indicam. A partir do momento em que o sr. vice-presidente se demitiu, os procedimentos relativos ao concurso devem ser repetidos. Mas os resultados do concurso já estão homologados.A forma de reclamar foi considerada ofensiva.Os advogados que consultei todos me disseram o mesmo. O direito à reclamação é inalienável por parte de qualquer funcionário. A forma como a reclamação está redigida tem a ver com a carga emocional vivida por quem sente que nem tudo foi linear. E dizem-me mais. A acta do júri é muito mais gravosa que a reclamação da funcionária. Porque a acta do júri trás afirmações que são atentatórias da dignidade da funcionária. Porque decidiu não abrir um inquérito?Os inquéritos que podem conduzir a procedimento disciplinar são da responsabilidade exclusiva do Presidente da Câmara. E eu, em função destes pareceres que recolhi, decidi não avançar com o inquérito nem com o procedimento disciplinar. Neste caso e tratando-se da sua chefe de gabinete poderia ter optado por seguir a indicação da vereação? Eu pertenço à direcção de vários organismos e empresas. Tagusgás, Resiurbe, Conselho Regional, CULT. Tenho o respeito de vários partidos e entidades. Isso leva-me a sentir algum orgulho. Mas é aqui, em Almeirim, na minha terra, e no exercício do cargo de Presidente de Câmara que aparece uma proposta no executivo de avocação dos meus poderes. Diga-me lá em que concelhos do país houve propostas de avocação de poderes dos presidentes de câmara? Se o executivo aprovasse uma proposta destas, em qualquer reunião seguinte outros poderes que estivessem na minha mão na qualidade de presidente de câmara poderiam ser avocados.Era uma espécie de golpe de Estado autárquico?Na prática eu era um presidente sem poderes. Qual era o meu papel?No caso da sua chefe de gabinete não há qualquer outro interesse da sua parte? Existe um outro relacionamento para além do relacionamento meramente profissional?Trata-se de um ataque à minha pessoa através dela e mais nada. A minha chefe de gabinete trabalha comigo há 16 anos. Se daí não surgisse uma relação de proximidade…eu tenho aqui na câmara uma meia dúzia de funcionários em quem tenho uma confiança intocável. Eu tenho que defender as pessoas que trabalham comigo. Trata-se apenas de uma relação meramente profissional?Absolutamente. Os ataques à minha pessoa não começaram agora. Há pessoas que me dizem que foi na altura em que eu estive mais fragilizado devido aos problemas de saúde. Isto é uma estratégia delineada a partir dessa altura.
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