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Da terra do melão para as terras do tio Sam

Jorge Brioso concretizou um sonho de criança graças ao motocross

A paixão pelas motos acompanha-o desde criança. Jorge Brioso iniciou-se no motocross com apenas 9 anos e chegou a ser vice-campeão nacional naquela modalidade desportiva. Aos 26 anos, o jovem natural de Almeirim, concretizou um sonho de criança ao viajar para os EUA onde viveu cerca de nove meses e foi treinador pessoal do campeão Joaquim Rodrigues Júnior. O MIRANTE falou com o actual seleccionador e treinador de motocross que nos contou a sua experiência americana.

Como surgiu a oportunidade de trabalhar nos EUA?Tudo surgiu num almoço de amigos. O meu antigo colega de equipa, Joaquim Rodrigues, piloto profissional de Motocross, tinha ficado sem treinador (preparador físico). A meio da refeição o meu nome foi sugerido e ele convidou-me. No início encarei como uma brincadeira. Na altura estava no Ténis na Quinta da Marinha (Guincho - Cascais) e estava muito bem, nunca pensando em sequer sair de lá...Mas o assunto tornou-se sério e após alguns dias de negociações lá fui eu, a caminho da concretização de um sonho...Preparar um atleta de competição fora de Portugal! E juntando isso com o facto de ser nos EUA...foi uma dupla felicidade!Foi fazer o quê concretamente?Fui para lá como preparador físico. Para o treinar durante a semana e o acompanhar a todas as provas. Vivi lá 9 meses, em Temecula (zona vinícola, tipo Almeirim...coincidência! (risos). Ficava entre Los Angeles e San Diego, perto de Corona.Que outras cidades conheceu?Muitas....através das provas e depois numa época que tive de férias quando o Joaquim Rodrigues esteve parado devido a uma lesão. Los Angeles, San Diego, Hunthington, Laguna Beach, Sta Monica, Las Vegas... Estive também no Hawaii (Lindo!!!!)...nem me lembro de metade...conheci outras cidades noutros estados fora da Califórnia, mas só de passagem, porque íamos em viagem para as provas.Tinha algum local predilecto onde costumava ir sempre que podia?Sim, gostava muito de ir para San Diego, porque tinha lá amigos portugueses. É uma cidade simpática onde me sinto muito bem. O que costumava fazer quando não tinha provas nem treinos? Ia ter com esses meus amigos que estavam em San Diego, íamos surfar, andar de skate, jogar Ténis....jantaradas!!!! American Life!!! (Risos) Quais foram as principais diferenças que encontrou?Aquilo é um Mundo à parte....não tem nada a ver com a Europa...Eles vivem muito as coisas, e no que diz respeito ao desporto, é uma diferença gigante! Toda a gente conhece os atletas, sejam os vencedores ou os que ficam em último. Admiram todos da mesma forma e olham para eles como ídolos. Os Americanos enchem estados de tudo o que seja desporto, até mesmo o amador ou universitário. Se fizerem um campeonato de berlinde, eles estão desde o primeiro minuto sempre a vibrar... É lindo! Criam uma atmosfera contagiante!Os americanos são tão ignorantes como os pintam?Como em todo lado, há os ignorantes e os mais cultos...mas no geral sim...são um bocado ignorantes. Quase ninguém sabe onde é Portugal, por exemplo. Uns pensam que somos brasileiros; outros pensam que somos sul-americanos. Do que teve mais saudades enquanto lá esteve?Da família, amigos e da comidinha da mãe. (Risos)Como é noite americana? Tem comparação com a noite portuguesa?Hahaha...não muito!!!!!! Eles são completamente loucos por festa, mas (quase) sempre com conta, peso e medida...os jovens com menos de 21 anos não podem ir a bares nem discotecas e ninguém pode andar com bebidas alcoólicas na rua. Os bares fecham às 2h e por isso torna-se possível sair um bocadinho durante a semana e trabalhar cedo no outro dia. Depois há a versão de festa privada...em San Diego há muitas nas casas dos estudantes que têm menos de 21 anos....isso aí é mais descontrolado. (Risos) E há a noite de Las Vegas em que, pura e simplesmente não há regras. É uma cidade “fora da lei” que nunca dorme....mas ”what happen in Vegas, stay’s in Vegas” (O que acontece em Las Vegas não sai de Las Vegas).Como são as americanas? Muito artificiais. Algumas muito giras mas normalmente nada é natural. E são muito ignorantes e fúteis, regra geral só falam de roupa, festas e pouco mais. Definitivamente a mulher portuguesa é bem mais interessante.A sociedade americana é tão liberal como nos filmes ou conservadora e moralista?Depende dos estados. Há estados que são demasiado conservadores e outros demasiado liberais, é difícil de definir no geral.... São muito religiosos também!Conheceu algum actor de Hollywood, algum manequim ou alguma estrela do mundo do desporto? (Quem?)Sim, conheci a Cindy Crawford. Estava numa prova em LA onde eu também estava e foi visitar o camião da equipa. É óbvio que todos a quiseram conhecer. Não só por ser estrela mas por ser muito gira. Depois conheci as estrelas do Supercross, Mcgrath, Windham, Grant....entre outros...conheci também pessoal do freestyle que por vezes treinava connosco no ginásio, nomeadamente o Roonie Faist. Ainda tive oportunidade de conhecer alguns do surf também, Jamie O’Brien, Pat O’connel... Nunca foi confundido com um Árabe?Porquê? Acham-me parecido? (Risos) Por acaso um senhor iraniano que estava no aeroporto pensava que eu também era iraniano.Afinal a pergunta tinha razão de ser. O que gostou mais e o que gostou menos dos EUA?Toda a cultura desportiva deles e o ambiente desportivo me fascinou, o que menos gostei foi o facto de estar longe dos amigos e família.Como correu o campeonato de motocross?O campeonato para nós correu mal porque o JRod lesionou-se antes do início e teve que ser operado. Essa operação correu mal e teve que ser remediado, mas tudo isso atrasou o processo de recuperação. Depois quando tudo parecia que estava a ir bem, ele disputou 2 provas e na 2ª voltou a sentir dores. Foi aí que parou definitivamente, foi a outro médico e esse é que lhe disse que ele ainda tinha a perna partida! Foi incrível como é que ele aguentou todos os treinos e essas 2 provas com a perna ainda partida. Foi um grande esforço da parte dele, mas que não dava para continuar assim. Para azar ainda perdeu o contrato que tinha porque esteve o ano quase todo sem competir e por isso o nosso compromisso teve de terminar. Foi uma pena porque estavam reunidas todas as condições para ele ter sucesso, mas o azar bateu à porta. Actualmente já conseguiu novo contrato e já está novamente a competir.Em que posição ficou o Joaquim Rodrigues Júnior?Fez 14º na primeira prova e na 2ª que disputou não terminou.Chegou a participar em algumas corridas. Como correu? Venceu alguma prova?Eu fui mesmo só para ser preparador físico, não fui para competir. Andava de moto com o JRod e com os outros pilotos mas só por divertimento.Disse numa entrevista a O MIRANTE que ia para Los Angeles concretizar um sonho de criança. Conseguiu concretizar esse sonho?Sim, como referi anteriormente, era o sonho de estar no meio do mundo do Motocross ao mais alto nível.E o que é isso do sonho americano? Conseguiu descobrir?É estar num país onde todos podem sonhar e querer mais, porque ali é possível. É a terra das oportunidades! Tanto é que eu poderia ter ficado lá mais anos, pois surgiram convites para continuar.O que está a fazer actualmente?Actualmente sou seleccionador e treinador de pilotos de Motocross (escalão – Iniciados), e estou a desenvolver este projecto “Geração Mx” com o apoio da Federação Nacional de Motociclismo. Espero que seja aqui que cresça um novo JRod. Estive também a treinar o piloto Hugo Santos para a época de Motocross, onde este conseguiu ser Campeão Nacional de Motocross (Mx 1 e Elite).

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