Os objectivos a atingir com o Pão, Vinho& Companhia são os mesmos das restantes iniciativas promovidas pela câmara de Almeirim. O entretenimento e a promoção dos produtos tradicionais do concelho. A explicação é dada pelo presidente da câmara municipal, Sousa Gomes. “Para além de servir para fazer a promoção dos nossos produtos tradicionais queremos dar oportunidade às pessoas que não têm possibilidade de sair de Almeirim para passar férias - que infelizmente ainda são muitas - de ocuparem algum do seu tempo livre. Todos os nossos eventos são sempre gratuitos por terem esta finalidade social e eu não abdico deste princípio”.No capítulo da promoção dos produtos regionais a autarquia não se limita a disponibilizar espaço para expositores ou tasquinhas. Também promove algumas acções de marketing como um jantar marcado para 31 de Agosto, sexta-feira, para o qual foram convidadas pessoas ligadas à produção e comercialização de vinhos de qualidade e especialistas que possam avaliar a produção local e tecerem comentários sobre a mesma. Para o Presidente da Câmara um dos mais valiosos patrimónios do concelho é o património gastronómico. Daí a insistência na valorização de produtos como o melão de Almeirim, o pão regional (vulgarmente designado por caralhota), o vinho e a sopa da pedra. “Há pessoas muito radicais na defesa do património construído, que se esquecem que estes produtos também têm que ser defendidos e que fazem parte da nossa identidade. Por vezes querem reconstruir coisas demolidas há séculos mas passam ao lado de produtos que nos valorizam por não serem património arquitectónico. Porque é que não devemos fazer um esforço para manter o melão de Almeirim vivo?”, interroga Sousa Gomes.Almeirim é a terra do melão e da sopa da pedra. É uma cidade onde o sector da restauração tem grande importância. Uma terra cujo nome está associado à gastronomia. “Eu costumava dizer ao meu colega e amigo Ladislau Teles Botas (ex-presidente da câmara de Santarém): tu fazes o Festival de Gastronomia durante uma semana. Mas eu faço-o durante 52 semanas”, conta Sousa Gomes. A entrada em funcionamento da A13 que liga a cidade ao sul de Portugal contribuiu para o incremento da restauração. ”As pessoas planeiam a viagem com uma paragem em Almeirim para almoçar. Depois da abertura da A13 vários restaurantes ampliaram as suas instalações”, conta.O presidente da câmara diz que, ao insistir na promoção de produtos tradicionais, alguns dos quais quase desaparecidos, não está a tentar interferir no mercado. “A Câmara não está a empurrar essas actividades económicas. A câmara tem obrigação, em função do desenvolvimento da actividade económica que é a gastronomia, de promover e proteger a qualidade dos produtos que estão a montante. Se não construíssemos a fábrica dos enchidos, por exemplo, corríamos o risco de alguns produtores, deixarem de ter condições para continuar a fabricar a matéria-prima para a feitura da sopa da pedra nos moldes tradicionais uma vez que não estavam a cumprir as exigências legais para aquela produção”, explica. “O melão verde de casca raiada, que é o melão típico de Almeirim, estava a desaparecer porque o melão branco tinha mais aceitação em termos comerciais, mas na feira do melão que este ano levámos a cabo, apareceram técnicos que estão a trabalhar o melão de Almeirim e ele apareceu com muita qualidade, quer no seu aspecto, quer no seu sabor. Não sei se em termos comerciais será um sucesso mas isso é outro problema”.Com a agricultura em declínio há algumas casas agrícolas tradicionais que estão a investir no turismo. Sousa Gomes acredita que o futuro daquela actividade passa também pela manutenção de uma identidade própria assente nos produtos que Almeirim possa oferecer aos visitantes. E daí a manutenção do esforço municipal na preservação e divulgação do que é genuíno e único no concelho, ou seja: Pão, Vinho & Companhia, englobando-se na companhia o melão, os enchidos tradicionais e a sopa da pedra.