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Estamos a ser demasiado permissivos

A discriminação espreita em todas as esquinas do nosso quotidiano. Geralmente a imprensa debruça-se sobre a discriminação feminina, a discriminação exercida sobre deficientes ou sobre a discriminação de que são vítimas os imigrantes. Por causa disso essa é a discriminação mais visível. Achei interessante a reportagem sobre a discriminação de que são alvo os homens que tiraram cursos que lhes permitem exercer a profissão de educadores de infância. Como todos os actos discriminatórios, é baseada em preconceitos e ideias feitas. Na ignorância. Há mulheres pedófilas. Há mulheres que não têm qualquer instinto maternal. E no entanto é aos poucos homens a quem é permitido exercer a profissão que se proíbe que mudem fraldas aos bebés. Há pequenas coisas que passam despercebidas mas que vão ganhando peso. As noites só para senhoras nas discotecas. Os jantares de mulheres no dia Internacional da Mulher onde é proibida a presença de homens. As listas para eleições autárquicas, principalmente nas freguesias, que têm como ponto de honra a não inclusão de homens. Não venho aqui defender a criação de leis. Estes assuntos não se resolvem com leis. Assim como não é com leis e Comissões que se vão resolvendo as situações de discriminação feminina que subsistem. Como cidadão interessado gostava que fosse dada mais atenção por parte dos jornalistas a coisas a que o comum cidadão já não liga. Tenho para mim que estamos a ser demasiado permissivos. Não falo das autoridades, falo de nós, simples cidadãos. Deixamos de nos interrogar sobre o porquê das coisas. Deixamos de nos indignar com coisas indignas que vamos vendo desfilar sob os nossos olhos. E é nessa nossa postura que radicam muitos dos males de que nos queixamos com tanta frequência. Nós somos os coveiros do sonho de uma sociedade mais justa. José B. Ataíde

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