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Os rockers do Sardoal que ensaiam numa antiga taberna

Os rockers do Sardoal que ensaiam numa antiga taberna

Assemblent e The Grim Reaper Society são dois grupos de música moderna com elementos comuns

Nas Festas do Concelho do Sardoal vão fazer as honras da casa num concerto de rock na noite de sexta-feira.

Entrevistar elementos de bandas de rock industrial e de metal nascidos numa vila do interior parecia tarefa difícil. Esperava-se encontrar jovens taciturnos, de longos cabelos, piercings e tatuagens, vestidos de negro. Carlos Santos, Daniel, Pedro, João, Sérgio, Ricardo e Carlos Sirgado são no entanto exemplo de como as ideias pré-concebidas de nada valem. Os metálicos Assemblent e os roqueiros The Grim Reaper Society (Sociedade dos Ceifeiros) são jovens iguais àqueles com que nos cruzamos todos os dias. O Ricardo, por exemplo, tem até um ar betinho e tímido mas, como dizem os colegas, é mesmo só o ar.As duas bandas são hoje reconhecidas não só na vila onde nasceram, Sardoal, mas em toda a região. Os primeiros passos não foram fáceis, mas nunca o são, mesmo que as bandas nasçam em grandes cidades, como dizem. Os Assemblent nasceram primeiro, há oito anos. Três jovens que tocavam guitarra e estudavam na mesma escola (Dr. Solano de Abreu, em Abrantes) decidiram formar uma banda. Não igual a tantas outras mas com uma postura diferente, um metálico de aproximação ao movimento gótico, sub-cultura urbana que assenta na negritude da vida, na depressão ou nas ambiências fúnebres. “Já nos chamaram muitas coisas, somos acima de tudo um grupo de metal”, refere um dos membros dos Assemblent. O nome não tem um significado transcendente. Nasceu de um dos filmes do Senhor do Anéis e significa união, reunião. Começaram como tantos outros, a tocar covers (versões de outros grupos) em bares, mas pelo meio iam compondo as suas próprias letras. Quando editaram o primeiro e até agora único álbum – o segundo já está na forja, garantem – já tinham amadurecido. “Equilibrium” apareceu nas discográficas em Junho do ano passado e tem uma participação muito especial do vocalista dos Moonspell. “Estávamos a ensaiar a música e pensamos que ela era mesmo feita para a voz do Fernando Ribeiro. Acabámos por lhe telefonar e ele foi espectacular”. Um registo que até hoje os acompanha.”Há até quem nos chame mini-Moonspell mas nós não ligamos”.Os The Grim Reaper Society nasceram há menos tempo, no final de 2005, e foram “gerados” no seio dos Assemblent, pela mão de Carlos e Sérgio. “Nós gostamos muito do que fazemos em Assemblent mas queríamos mais, ir ao encontro das outras influências musicais que temos”. Apelidam como rock industrial a música que tocam, com nuances electrónicas. “Nesta banda conseguimos pôr música feita desde os anos 70 até à actualidade”, diz Sérgio, o guitarrista que é também vocalista nos Assemblent. Os The Grim, que continuam a tocar apenas covers, têm uma sonoridade mais fácil de entender e também um público diferente.Os elementos dos dois grupos são inseparáveis. Quando os Assemblent dão um concerto os The Grim geralmente assistem, e vice-versa. Recordam o bar Saturi, em Loulé, como o local mais estranho onde os Assemblent tocaram. “Aquilo é mesmo o antro de Satanás”. Às vezes ficam também agradavelmente surpreendidos. “Fomos tocar um dia a um local chamado Casal da Areia (zona de Leiria). O bar ficava num ermo, era uma pirâmide de vidro instalada no meio de um pinhal. Uma coisa surrealista mas fixe”. Percorrem os bares do país com a casa às costas e muitas vezes o dinheiro que recebem cobre apenas a deslocação e o combustível. E há quem já não coma frango assado em casa porque está farto de o comer antes dos concertos. Embora, como dizem divertidos, a ementa tenha vindo ultimamente a diversificar.Acima de tudo são bons amigos. Partilham alguns instrumentos e ensaiam no mesmo local, bem no centro do Sardoal. Na velha taberna do “Mula Branca”, avô de Ricardo Ribeiro, o homem dos teclados e sintetizadores dos The Grim, que foi transformada em estúdio. Nas paredes pintadas de negro os posters de grupos como Moonspell (não podia deixar de ser) convivem com prateleiras onde antiquíssimas garrafas de vinho do Porto e outras bebidas espirituosas ganham pó. “É proibido mexer nestas prateleiras”, avisa Carlos Sirgado (baterista de The Grim) o mais velho dos elementos dos dois grupos, que já ultrapassou os 35 anos. É naquelas garrafas que está preservada a memória do senhor Gilberto.
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