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Talhado para trilhar caminhos sozinho

Em Setembro 1966 a esposa de Joaquim Fernandes, Lígia Oliveira Fernandes foi juntar-se ao marido no Canadá. Viviam em Winnipeg. Os filhos nasceram no Canadá. John Oliveira Fernandes e Anita Oliveira Fernandes. Numa vinda a Portugal Lígia adoeceu e acabou por ficar na Gouxaria com os filhos. Faleceu em 1978. Joaquim já estava no Alasca. Os filhos acabaram por ser criados com os avós maternos e paternos, longe do pai. Eram tempos difíceis e o engenho e arte do emigrante da Gouxaria para conseguir trabalho legalmente nos Estados Unidos não tinha limites. De uma tenacidade a toda a prova, fez tudo o que era humanamente possível. Chegou a tentar que a filha nascesse em solo americano porque a legislação da altura permitia-lhe visto de residência se tivesse um descendente americano. Os serviços de emigração suspeitaram do esquema porque o parto estava iminente e não permitiram que a família entrasse para uma “visita de turismo”. Se conseguiu ficar em Fairbanks é porque ninguém o conseguiu vencer. Nem as leis, nem a burocracia, nem os serviços de emigração. Diz que sempre tentou ajudar a família, mas nota-se que é um homem talhado para trilhar caminhos sozinho. Porque os seus caminhos são difíceis e ele tem consciência da fragilidade dos outros. Quando o irmão esteve ilegalmente no Canadá Joaquim Fernandes fez tudo para o proteger. Arranjou-lhe trabalho e chegou a trabalhar pelos dois. “Ele era mais inteligente, estudou alguma coisa. Eu era mais massa bruta. Quando lá chegou trabalhou como soldador uma ou duas semanas mas foi despedido por falta de rendimento. Depois foi para ajudante de carpinteiro mas o trabalho era tão duro que ele não aguentava. Consegui que o metessem a trabalhar comigo de carpinteiro porque eu prometi que dava rendimento por mim e por ele”.

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