“Falta visão estratégica em Azambuja”
Veio para Azambuja em 1998 só porque o partido precisava de si?O problema era o partido estar mal (nunca esteve bem aqui que eu saiba) e sem direcção local. Eu era membro da Comissão Política Distrital de Lisboa e acharam que com a prática de presidente de junta de freguesia poderia encabeçar a lista. Vim para aqui nessa altura. O que queria mudar em Azambuja?Tanta coisa! Perderam-se oportunidades únicas. Os fundos comunitários não foram bem aproveitados. Todo este trabalho de saneamento poderia ter sido feito na altura, para que depois se pudesse modernizar o concelho. Veja a largura das estradas, mesmo em bairros novos. É inconcebível. Veja a falta de espaços verdes que há neste concelho. A cultura era praticamente inexistente quando para cá vim. Mas Azambuja está a ganhar uma nova dinâmica com a requalificação…Já devia ter sido feita há mais tempo com dinheiros comunitários. Não houve a capacidade de apresentar projectos adequados a modernizar Azambuja, a torná-la um sítio aprazível e não apenas um dormitório de Lisboa. É uma crítica ao anterior presidente. Não a Joaquim Ramos (PS)…Joaquim Ramos tem feito alguma coisa, mas também não tem aquela visão de estratégia. Azambuja continua a ser o armazém de Lisboa. O que traz muitos transportes para a estrada. O emprego dos armazéns não é assim tão grande e é só para pessoas não especializadas. Não há uma visão estratégica, global para o concelho. Tive oportunidade de trabalhar com Isaltino Morais. Ele traçou uma estratégia para Oeiras e hoje é o terceiro concelho economicamente mais importante do país. Não há armazéns, fábricas de lixo, mas os maiores cérebros do país naquele Tagus Park de ciência e tecnologia que se instalou ali. Em Azambuja há muito a tradição da logística.Criaram-na. E foram ocupar com logística terrenos férteis da lezíria que são bons para a agricultura. Poderia ser colocada de forma organizada e não toda enfiada numa Nacional 3 superlotada e super perigosa. Isto é uma coisa que Azambuja tem. Já no tempo dos descobrimentos também teve que alimentar Lisboa. E alimentar os barcos. É a tradição…Porque aceitou o desafio de dirigir o centro cultural?A identidade dá-se pelas tradições, pela cultura e pela língua. Não as podemos perder. Senão somos todos iguais. Eu nunca fui para o comunismo porque nunca gostei de tudo igual. Acho que temos que ter o direito à diferença. É a razão porque ando envolvida nestas coisas. Mas nunca há dinheiro para nada. Não há dinheiro para contratar mais professores para que as coisas melhorem. O associativismo é muito complicado. Não gosta do comunismo, mas envolveu-se nas lutas dos trabalhadores. Sindicalmente sim. Mas essa componente não é apanágio dos comunistas. Embora um bocado revolucionária, também era moderada. Houve uma altura em que os socialistas quiseram que as mulheres pudessem faltar dois dias no mês por causa da menstruação. Eu achava isso um disparate. Dizia: “vocês estão a evitar que as mulheres entrem no mercado de trabalho”. Queremos igualdade e estamos dois dias em casa? Não há comprimidos? Depois curei-me do sindicalismo…Ficou decepcionada?A partir de determinada altura o sindicalismo ficou parado, não evoluiu. Quando já devíamos estar a lutar por outras causas mantêm-se as mesmas causas: o salário, as horas de trabalho… Deveríamos estar a preparar os trabalhadores para que com a globalização da economia se não vão perdendo os postos de trabalho.
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