Um sofá, muitas telas e um espelho na parede que Carla Tavares espreita sempre que precisa de confirmar um contorno de corpo humano. É no anexo da casa de família, antiga residência dos avós, que a artista plástica da aldeia do Vale do Paraíso, Azambuja, dá largas à imaginação. A máquina de lavar que funciona no espaço não perturba a concentração da artista que normalmente ouve música quando trabalha. “A inspiração surge quando se tem a ideia. Depois é desenvolver o trabalho”, explica. Foi também por causa do espaço que teve que deixar a cidade de Lisboa onde estudou para ganhar mobilidade no atelier onde corta, engoma e cola os pedaços de tecido que transforma em arte. A rua fica num lugar sossegado da aldeia. Mas a artista plástica não vive fechada entre as quatro paredes do atelier. Participa na vida da comunidade. Toca clarinete na banda da freguesia e quando as tasquinhas chegam à aldeia dá uma ajuda na cozinha. Tal como o faz na vindima sempre que a família parte para uma das actividades outonais que mais trabalho dá às gentes de Vale do Paraíso.