No dia em que começaram as Jornadas Parlamentares do PCP em Évora a deputada comunista proscrita pela direcção do partido geria a sua própria agenda em Santarém, distrito pelo qual foi eleita e onde é também vereadora na câmara municipal. Luísa Mesquita visitou na tarde de terça-feira as instalações da Estação Zootécnica Nacional (EZN), no Vale de Santarém, num encontro, sublinhou, marcado antes de estarem agendadas as Jornadas Parlamentares. “Uma coincidência” foi como classificou o encontro de realizações na mesma data, que mesmo que não tivesse acontecido não levaria à sua presença em Évora. Luísa Mesquita admitiu, em conferência de imprensa após a visita à EZN, que seria “hipócrita” da sua parte participar num evento que serve para reflectir sobre a acção parlamentar e definir estratégias quando não tem a confiança política da direcção do partido nem do grupo parlamentar. A clivagem, recorde-se, deu-se há cerca de um ano quando a deputada recusou abandonar o grupo parlamentar do PCP em nome da renovação, como fizeram outros camaradas, alegando que com isso estaria a trair a confiança que os eleitores depositaram nela. Isto apesar da direcção do partido ter garantido que a deputada tinha-se comprometido a deixar o lugar se fosse solicitada a tal. Desde aí, a direcção do PCP tem tratado Luísa Mesquita como se ela não existisse politicamente, permitindo que exista uma espécie de “corpo estranho” em termos políticos na mesma bancada parlamentar. O clima é de paz podre. O partido manteve uma postura passiva e não optou pela expulsão da deputada - como fez com outros militantes que contrariaram as orientações superiores - e esta garante que continua a ser militante e vai continuar o seu trabalho até final do mandato.A deputada não estranha também o silêncio que a direcção do PCP tem assumido neste conflito, optando por não comentar assuntos referentes à actividade de Luísa Mesquita. “Conhecendo a militante como conhecem não deviam esperar outra posição”. E não teme ser expulsa do partido nem pensa desfiliar-se: “Limito-me a cumprir os deveres de deputada eleita por este distrito e de militante do PCP. Quanto à expulsão terão de perguntar à direcção do PCP. Continuo a ser comunista. Os valores por que pautei a minha acção política são os mesmos de sempre”.Aprofundar cooperação com a EZNDa visita efectuada à Estação Zootécnica Nacional ficou o anúncio da apresentação de uma proposta ao executivo da Câmara de Santarém no sentido de aprofundar a cooperação com a instituição. Luísa Mesquita salientou a abertura da direcção da EZN para a assinatura de protocolos que se traduzam em mais valias para as duas partes. As instalações da EZN podem servir para a realização de vários eventos, como congressos e seminários, e também para alojamento de comitivas estrangeiras que se desloquem a Santarém. Em contrapartida a autarquia disponibilizaria uma verba para apoiar a manutenção das instalações.Outra proposta de colaboração que Luísa Mesquita vai levar ao executivo camarário passa pela criação de uma quinta pedagógica em terrenos do Ministério da Agricultura na cerca do Convento de Almoster. Uma forma de rentabilizar o trabalho na área da produção animal que é feito na Quinta da Fonte Boa e mostrá-lo às escolas da região. Durante a conferência de imprensa, a autarca e deputada não se cansou de elogiar o trabalho da EZN e considerou que a sua continuidade no Vale de Santarém “jamais pode ser posta em causa”.