Deputada comunista desafia partido a tomar decisões rápidas sobre o seu caso
Luísa Mesquita diz que PCP está a sua tentar adiar expulsão
A deputada e vereadora comunista na Câmara de Santarém Luísa Mesquita exige que o PCP decida rapidamente que sanções lhe vão ser aplicadas, na sequência da retirada da confiança política assumida na passada semana. A hipótese de expulsão tem sido propalada desde aí, mas a parlamentar diz que ao partido convém deixar as coisas como estão já que ao expulsá-la iriam perder uma deputada e deixar de ser o terceiro maior grupo parlamentar na Assembleia da República.“Isto tem que ter uma conclusão e não vou ficar infinitamente à espera que cheguem as eleições de 2009 para me expulsarem”, declarou a deputada aos jornalistas esta segunda-feira antes de mais uma reunião do executivo camarário de Santarém, sem no entanto adiantar que tipo de medidas pensava tomar. Luísa Mesquita recordou que no dia 24 de Outubro a direcção do PCP anunciou com alarido a retirada da confiança política e que se falou logo na possibilidade de, nesse mesmo dia, a Direcção de Organização Regional de Santarém (DORSA), reunida em Alpiarça, poder propor a expulsão da militante.Da reunião das cúpulas saiu a decisão de passar a batata quente para o secretariado da DORSA, um núcleo mais restrito que deveria tomar posição em breve. “A DORSA decidiu que não devia decidir”, ironiza Luísa Mesquita. A decisão do secretariado esteve inicialmente anunciada para os primeiros dias de Novembro, mas fonte dessa estrutura afirmou que deve ser protelada, sem indicar data prevista.Luísa Mesquita é acusada de ter assumido uma postura de “afrontamento” de que, para a DORSA, é exemplo o facto de ter faltado às Jornadas Parlamentares, tendo nesse mesmo dia realizado actividade política em Santarém, onde visitou a Estação Zootécnica Nacional. Essa foi a gota de água que fez transbordar o copo e abalar o clima de paz podre que durava há cerca de um ano. Na reunião de Alpiarça a maior parte das intervenções foi muito crítica quanto às atitudes da deputada e tudo aponta no sentido da expulsão, que terá depois de ser ratificada pelo Comité Central. Os seus defensores são uma minoria e mesmo em Santarém não há unanimidade na sua defesa. Entretanto Luísa Mesquita mantém a sua posição de desafio e conflito aberto e considera que este processo tem tido "uma ausência total de seriedade, lisura e de rigor". "A direcção do PCP foi obrigada a uma segunda decisão: uma decisão e uma ameaça de outra. A primeira é a da retirar a confiança política e, portanto, afirmar a todos os que nos ouvem que não represento o PCP. O legítimo e sério é, quando se retira a confiança a alguém, de imediato passar à expulsão", afirmou. No domingo, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, afirmou na Régua que seria "profundamente precipitado e errado" apressar qualquer decisão sobre o caso de Luísa Mesquita. Mas, para a deputada, "esse estatuto, que é cinzento, é o único estatuto que é vantajoso para a direcção do PCP". "[Com esse estatuto, o PCP] tem a vantagem de continuar como terceira força política e de impedir que eu me pronuncie e que eu efectivamente trabalhe. E ao mesmo tempo não se promove a expulsão, porque ao promover a expulsão eu teria condições para trabalhar de forma independente".O litígio entre Luísa Mesquita e a direcção do partido tem cerca de um ano e estalou quando a deputada recusou deixar o seu lugar no Parlamento em nome da renovação do grupo parlamentar comunista. A direcção do PCP alega que a deputada estabeleceu um compromisso enquanto candidata de colocar o lugar à disposição do partido quando fosse solicitada a tal. Luísa Mesquita diz que teve garantias verbais da direcção do PCP de que seria para cumprir o mandato na íntegra e que o seu compromisso é com os seus eleitores, pelo que vai levar o mandato na Assembleia da República e na Câmara de Santarém até ao fim, mesmo que seja com o estatuto de independente.
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