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Moita Flores e João Moura trocam “piropos”

Moita Flores e João Moura trocam “piropos”

Autarca independente de Santarém toma partido na luta pela distrital do PSD e motiva reacção
O presidente da Câmara Municipal de Santarém, Moita Flores, independente eleito pelo PSD, resolveu apoiar Vasco Cunha na recandidatura à liderança do PDS distrital e ridicularizar a candidatura de João Moura, vereador na Câmara de Ourém e, tal como Moita Flores, apoiante de Luís Filipe Menezes nas recentes eleições para a liderança nacional. O fato de terem lutado do mesmo lado da barricada na eleição de Menezes não serviu para que Moura conquistasse para o seu projecto o escritor e professor, agora político, Francisco Moita Flores.O autarca diz que ao ler o manifesto percebeu que se João Moura ganhar a distrital “laranja” fica impedido de se recandidatar ao município escalabitano pois confessa “não saber de cor e salteado o valor de um quilo de arroz ou o preço do bilhete de comboio entre Entroncamento e Santa Apolónia”. Exemplos de ligação à realidade social que a candidatura de João Moura considera deverem ser atributos dos candidatos.Tomando parte numa contenda eleitoral entre os militantes do partido que o apoiou para ganhar a presidência da Câmara de Santarém, Moita Flores aproveitou o fraco e “mal amanhado” manifesto eleitoral de João Moura para fazer ironia lembrando um personagem da obra de Eça Queirós. “O seu Manifesto não é um texto político. É prosa cuja beleza inconfundível só encontro nas eloquentes palavras do manhoso Conde d’Abranhos. Ainda bem que o meu caro escreveu este texto cem anos depois da morte do insigne escritor e com referências bem actuais para ninguém ousar admitir o plágio. Mas é seguramente um herdeiro. Não só da vitória de Luís Filipe Menezes mas também de Eça. Digo bem, um herdeiro!, do que mais vazio e inócuo o nosso Abranhos pariu. Essa grande figura do Estado que não se ficou por deputado, chegou a ministro e a ministro da marinha, muito embora não gostasse do mar, embora o sogro, juiz de maus fígados, só o tratasse por pascácio! “O Manifesto é, portanto, um ponto doutrinário do não dizer nada. Não é uma vírgula, não é uma interrogação. É um ponto. E dramaticamente um ponto final. Não acrescenta nada aos discursos do liberalismo retórico que empanturravam de gozo Eça de Queirós e seus amigos de tertúlia. Redondo, redondinho, sem programa nem sentido, igual, preguiçosamente igual a todos os discursos que lhe ouvi, e devo confessar a minha infelicidade por apenas o ter ouvido duas vezes, à pressa, entre duas colheradas de arroz doce. Nem o oportunismo é novidade. O facto de procurar alinhar a sua candidatura com a candidatura de Luís Filipe Menezes é de aplaudir. Alguém com ambições no terreno político deve sempre surgir do lado dos vencedores, pelos vencedores e, se possível, amesquinhando os vencidos. E aqui, o meu caro amigo, excedeu-se. Querendo atazanar os vencidos, atazanou também muitos dos seus companheiros que consigo partilharam a jornada eleitoral de Menezes”.A carta de Moita Flores a João Moura tem três páginas e pode ser consultada na íntegra em http://www.omirante.pt/index.asp?idEdicao=51&id=18254&idSeccao=423&Action=noticiaJoão Moura levou menos de 24 horas a responder à letra à carta aberta que lhe foi dirigida por Moita Flores e adoptou um tom irónico e corrosivo semelhante ao com que foi brindado. Acusa o autarca de Santarém de prestar “um mau contributo para a discussão de ideias e projectos” e de “pessoalizar o seu ataque, não contribuindo com uma única ideia positiva e construtiva”. Acrescenta que “os militantes do PSD não esperam este tipo de atitudes, estão saturados desta forma de fazer política”.Sublinhando que Moita Flores não é filiado no partido – “apesar de se não dispensar de ir opinando sobre a sua vida interna com certa regularidade” -, João Moura diz que o autarca escalabitano “é fiel ao seu estilo”, usando os seus “discursos pachorrentos, lacrimantes e aquém da lógica factual” e “denotando uma falsa superioridade intelectual”.“Reconheço no Dr. Moita Flores um homem culto, respeitado e frontal. Porém, a sua meteórica chegada ao campo da política, associada à presença constante nas televisões para comentários de criminologia, tê-lo-á feito alimentar expectativas superiores às que são possíveis de realizar”, lê-se na carta assinada por João Moura onde se aponta um erro ao seu interlocutor: “confundiu visibilidade e exposição com referência e liderança”.E vai mais longe no contra-ataque: “Insatisfeito por se terem gorado as suas diligências junto do líder nacional para que uma sua colaboradora pudesse fazer parte da Comissão Política Nacional, vem agora despejar a sua fúria em cima de companheiros do PSD que não conhece”. Para João Moura, o autarca e escritor cometeu outro erro, garantindo que não foi prometido nenhum lugar de eurodeputado ao presidente da Câmara de Ourém, David Catarino, a troco de apoio à candidatura de João Moura. “Houve o convite feito a um presidente de câmara prestigiado para aceitar ser candidato a vice-presidente da mesa da Assembleia Distrital, o que este aceitou e muito nos honrou”, explica.“Para o Dr. Moita Flores, parece que há o PSD bom e o PSD mau”, continua o candidato, acrescentando: “A tentativa de menorizar os candidatos de uma lista que se propõe aos órgãos distritais de um partido onde o Dr. Moita Flores não milita não surte os seus efeitos: não ofende quem quer, ofende quem pode. E o Dr. Moita Flores, pura e simplesmente, não pode”.Acusando Moita Flores de ser “um poço de contradições” por estar a apoiar pessoas que ainda há pouco tempo criticou aquando das eleições para a liderança nacional do partido, João Moura diz não aceitar que, caso ganhe as eleições para a distrital, o autarca escalabitano use essa situação como argumento para não se recandidatar. “Não é por nós nos candidatarmos e podermos vencer as eleições que o Dr. Moita Flores deixará de ser recandidato à Câmara Municipal de Santarém. Se isso acontecer será por sua livre opção”.A carta pode ser lida na íntegra em: http://www.omirante.pt/index.asp?idEdicao=51&id=18280&idSeccao=423&Action=noticia
Moita Flores e João Moura trocam “piropos”

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