Maratona de teatro passou por Calhandriz
Festival registou boa afluência durante o fim de semana
A sede do clube de Calhandriz encheu-se de público durante o festival de teatro da freguesia. Os jogos de futebol foram os grandes inimigos da maratona cultural.
“Kito Mosquito”, um espectáculo para crianças do grupo de teatro Inestética, arrancou o último fim-de-semana do Festival de Teatro da Freguesia de Calhandriz, Vila Franca de Xira. Os alunos da Escola do primeiro ciclo foram convidados a participar na apresentação da peça integrada no festival, que decorreu de 17 a 25 de Novembro, na sede do Clube Recreativo, Desportivo e Cultural de Calhandriz (CRDCC).É um espectáculo de instalação multimédia interactivo, inovador e criativo, onde não existem actores e a participação das crianças é fundamental. Alexandre Lyra Leite, encenador do grupo Inestética, que juntamente com Nuno Dionísio criou este espectáculo, destaca a interactividade que “Kito Mosquito” proporciona com o público. “Instalámos equipamento de detecção de movimento em tempo real e com o software que desenvolvemos fazemos os miúdos viverem uma aventura digital. É muito reconfortante ver as diferentes reacções das crianças ao perceberem que através dos seus movimentos despoletam vários sons e imagens diferentes que vão aparecendo na tela que está à sua frente”, explica.Os alunos do primeiro ciclo da Escola da Calhandriz estão ansiosos. “Sabem apenas que foi-lhes pedida a sua participação no festival de teatro. Estão cheios de curiosidade”, revelou a professora. No final demonstraram a sua excitação por participarem numa actividade diferente. “Nunca tinha visto nada assim. É espectacular colocar todos aqueles sons e bonecos em movimento através dos nossos movimentos”, conta Miguel, do primeiro ano.A noite de sábado, 24, foi destinada a um público mais adulto. O grupo de teatro amador “Esteiros”, de Alhandra apresentou a peça “O Armário”. A história é uma adaptação do autor Bharadwaj e passa-se numa sociedade onde vigora o regime totalitário. Uma mulher, escritora de livros infantis, é levada à força de sua casa para ser alvo de um interrogatório policial. É acusada de escrever histórias repletas de mensagens políticas subliminares. A partir daqui a história desenrola-se e percebe-se mais tarde que existem outras razões para aquele interrogatório.O encenador da peça, João Santos Lopes, ficou fascinado com a obra de Bharadwaj que resolveu adaptá-la e apresentá-la. “O que me seduziu mais foi o facto de ser uma história difícil onde é necessário pensar. O nosso grupo de teatro é conhecido por interpretar peças difíceis. Gostamos de provocar o espectador com temas complicados e o melhor que nos pode acontecer é o espectador ir para casa a pensar na peça a que acabou de assistir”, refere.A última representação do primeiro festival de teatro da Calhandriz coube ao Grupo Dramático Povoense. A sala de espectáculos do CDRCC encheu para assistir à apresentação da peça infantil “O Príncipe Nabo”. A história de uma princesa muito vaidosa que o pai, por estar velho e cansado, quer casar. Devido à sua arrogância a jovem humilha todos os príncipes que pedem a sua mão em casamento.O pai, farto da situação, decide casá-la com o primeiro homem que aparecer no palácio. A sorte calha a um músico pobre. A princesa é obrigada a casar e passa a ter uma vida humilde e sem luxos. Entretanto, descobre-se que o homem pobre com quem a princesa casou é um dos príncipes a quem ela humilhou e que quis dar-lhe uma lição de vida. A jovem acaba por apaixonar-se pelo marido e são felizes para sempre.Cegada grupo de teatro, A Forja, Inestética, Esteiros e Grupo Dramático Povoense foram os grupos de teatro amadores presentes num festival que teve como principal objectivo dar alternativas culturais à população mais rural do concelho Vila Franca.À semelhança do primeiro fim-de-semana, o festival de teatro assinalou uma boa afluência de público com casa cheia na peça de teatro apresentada do grupo dramático Povoense. O futebol continua a ser o grande inimigo das actividades culturais. A apresentação da peça “O Armário” pelo grupo Esteiros, de Alhandra teve menos assistência na noite de sábado, à semelhança do fim-de-semana passado devido aos jogos de futebol. A direcção do CDRCC fez um balanço muito positivo do primeiro festival de teatro na Calhandriz salientando que é fundamental continuar a criar mais projectos culturais porque as pessoas gostam de espectáculos.
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