A visita de Edmundo Pedro
Na passada sexta-feira O MIRANTE juntou cerca de três centenas de pessoas na Golegã numa festa de aniversário, que fizemos coincidir com mais uma edição do Galardão Empresa do Ano e que organizamos em parceria com a NERSANT pelo oitavo ano consecutivo. Nesse dia tive uma jornada de trabalho danada. Só ao final da tarde comecei a perceber que precisava de despir a pele de operário para vestir a de um dos responsáveis pela obra.Uma hora antes do início do jantar, sentindo a pressão dos compromissos, ainda estava em Santarém a fotografar Edmundo Pedro, que veio à cidade fazer o lançamento do seu livro de memórias ( Um Combate pela Liberdade). A sessão estava marcada para as 18h mas ele só chegou às 19. Estava uma dezena de pessoas na sala. Moita Flores também lá estava para apresentar o livro. Também ele tinha assembleia municipal nessa noite. O editor do livro ia carregando alguns exemplares para dentro do edifício e respondia a algumas perguntas sobre Edmundo Pedro. “Tem 89 anos mas está com uma saúde de ferro. O livro já foi lançado em Janeiro mas é ele que puxa por mim para continuarmos a divulgá-lo pelo país. Está perdido. Já anda por aí há uma hora mas não consegue encontrar o Fórum Mário Viegas”. Finalmente apareceu embrulhado num sobretudo com a mulher tão sorridente como ele.À sala chegaram entretanto mais duas ou três pessoas. Disparei a máquina duas dezenas de vezes enquanto Edmundo Pedro não se sentava para começar a sessão. Quando Moita Flores se preparava para apresentar o livro saí a correr para a sede do jornal que fica ali a dois passos. Desliguei o alarme do edifício e dois minutos depois já estava a ligá-lo outra vez para fazer o caminho até à Golegã. O edifico vazio e o aperto que ia apanhar para chegar a horas fez-me sentir solitário e operário em construção. Quando entrei, senti o vazio da casa e imaginei o que se estaria a passar a essa hora no Picadeiro Lusitanos, para onde também tinham sido convocados todos os trabalhadores do jornal. Meia hora depois estava com a minha gente. Com muitos amigos e com pessoas que são solidários com este jornal. Durante a noite lembrei-me algumas vezes de Edmundo Pedro, da grandiosidade da sua vida e da memória de muitas lutas que ele conseguiu escrever num livro admirável.Por mais incrível que pareça não estava na sala MárioViegas um único histórico do PS de Santarém. Nem um vereador, um ex-vereador, um simples empregado da política de tantos a que o PS dá emprego. Deviam estar a escrever as suas memórias no conforto das suas casas. A maior parte deles também já tem quase 90 anos e alguns são mesmo muito mais velhos que os dinossauros. JAE
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