uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Extravio de correio deixa pai e filho sem pensão da segurança social

Carteiros de Samora Correia com dificuldades na distribuição

As queixas feitas aos carteiros e responsáveis pela distribuição postal raramente são oficializadas no livro de reclamações e não entram nas estatísticas da empresa.

José Maria Garcia e seu filho deficiente ainda não receberam as pensões de Outubro devido aos extravios da carta com o cheque e de um vale postal, emitidos no início de Outubro pelos serviços da Segurança Social. O gerente da loja de peças para automóveis, Samorsolda, José Assis teve de pedir nova emissão de um cheque enviado por uma empresa, cuja sede dista menos de um quilómetro da loja, porque o primeiro cheque extraviou-se e teve de ser cancelado.Na Rua António Sérgio, no Bairro Nossa Senhora de Oliveira, em Samora Correia, a maioria dos moradores queixa-se da distribuição do correio e do extravio de correspondência. José Garcia e José Assis garantem que o correio não foi distribuído na rua no período entre 8 e 19 de Outubro e que tiveram imensos prejuízos com a situação. “Tive de pedir segundas vias de facturas de fornecedores e documentos do banco e tive de pagar para os ter”, refere o comerciante. O vizinho, reformado da Rede Ferroviária Nacional (Refer), responsabiliza os correios pelo desaparecimento dos valores que sustentam a família e que lhe causaram uma situação complicada. “Se não tivesse algum dinheiro como é que comíamos?”, questiona. Os valores em causa, as pensões de José e do filho, totalizam mais de 1100 euros e os dois reformados prejudicados terão de aguardar pela emissão da segunda via dos meios de pagamento. Os cheques e vales postais têm a validade de um mês, só depois de vencido este período, é possível reclamar com um impresso fornecido pelos CTT para que sejam emitidas as segundas vias.O MIRANTE registou vários casos de alegado extravio de vales postais com abonos de família e cheques com subsídios de doença e desemprego. Fonte dos Correios de Samora Correia confirma que há outros casos de desaparecimento de valores, mas declina responsabilidade dos carteiros. “Há moradas mal indicadas, duplicação de moradas e muitas situações irregulares”, explica. As pessoas prejudicadas reclamam no balcão dos correios, mas não utilizam o livro de reclamações para o efeito. Daí que os Correios de Portugal se orgulhem de ter uma taxa mínima de reclamações e uma eficácia que lhes permite assumirem-se como operadores de confiança.O MIRANTE pediu esclarecimentos ao gabinete de imprensa dos CTT que até ao fecho desta edição não disponibilizou a informação.José Garcia confirma que não preencheu o livro de reclamações porque foi aconselhado pelo responsável do serviço local de distribuição postal para escrever à administração. Escreveu uma carta aos Correios de Portugal e obteve resposta quatro dias depois. “Foram rápidos a responder, mas não resolveram o problema”, lamenta.A missiva garante que o assunto mereceu a melhor atenção e que aguardam a informação do serviço local de distribuição para explicar o sucedido ao reclamante.O responsável pelo centro de distribuição postal de Samora Correia, Bernardo Serra declinou prestar esclarecimentos a O MIRANTE por não estar autorizado a fazê-lo mas, segundo vários moradores da rua António Sérgio, terá justificado os problemas com o facto de um carteiro contratado ter desistido do serviço. Houve necessidade de contratar um substituto e isso causou alguns atrasos. Na sexta-feira, 23 de Novembro, ao meio-dia, alguns moradores ainda aguardavam por correio que costumam receber até ao dia 15 de cada mês.O serviço de distribuição que serve as populações da freguesia de Samora Correia com 15 mil habitantes é assegurado por nove carteiros, a maioria contratados que não conhecem a zona.José Assis conta que o carteiro que faz a sua zona esteve cinco minutos a colocar correio numa caixa quando a correspondência era dirigida a uma loja que tinha a porta aberta ali mesmo ao lado.“O problema é que as pessoas não conhecem a zona. Hoje está um, amanhã vem outro e não lhe é passada a informação”, acrescenta. José Garcia faz de carteiro todos os dias e não se cansa de entregar cartas dos vizinhos que por engano do carteiro são colocadas na sua caixa.Na rua há algumas portas sem número de polícia, situação que complica a vida do distribuidor postal. Na freguesia de Samora Correia multiplicam-se também os casos de duplicação e incorrecção de moradas. Os Correios de Portugal responsabilizam a Câmara Municipal de Benavente pela regularização da situação. A autarquia está a fazer um levantamento para atribuir os números de polícia em falta e corrigir as situações anómalas.

Mais Notícias

    A carregar...